BH: empresário-candidato, Lacerda deixou rastro de dívidas
Ausente em mais um debate entre candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), teve que recorrer a uma nota à imprensa para tentar responder a uma nova denúncia que pesa contra ele. No debate promovido pela rádio CBN de Belo Hor
Publicado 12/09/2008 22:02
A ex-empresa do candidato apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT) teria um débito já inserido na dívida ativa e calculado em R$ 1,5 milhão (valores atuais). Ele estaria sendo cobrado desde 2005 pela Fazenda Pública de Belo Horizonte, segundo Jô Moraes revelou em seu discurso.
“Essa informação nos chegou, e eu considero que é fundamental que o candidato, nesta oportunidade, esclarecesse essa questão. Evidentemente que eu gostaria de ter perguntado a ele para que ele tivesse o direito de se defender”, disse Jô Moraes, lamentando que o candidato que está à frente das pesquisas de intenção de voto se recuse a comparecer a debates. Segundo a candidata comunista, já ocorreram 11 debates entre os prefeituráveis na capital mineira e Lacerda não compareceu a nenhum. No próximo dia 25, haverá um debate na TV Bandeirantes e o candidato também não confirmou até agora se irá comparecer.
“Nós precisamos muito que ele [Lacerda] se disponha a vir. Estava guardando essa informação para fazer a pergunta diretamente a ele. Porém nesse caso, eu tive que colocar a questão publicamente para que ele venha de público e responda. Posso estar enganada, mas ele precisa se explicar”, argumentou.
Jô Moraes disse ainda que a propaganda do socialista no rádio e na TV reflete uma imagem errônea para o eleitorado. “O que nós não podemos é conviver com uma informação dessas [dívida com a prefeitura] e, ao mesmo tempo, ver no programa de televisão [de Lacerda] uma outra realidade.”, avaliou.
Segundo Jô Moraes, a propaganda de Lacerda tenta construir uma imagem de homem probo e empresário exemplar, mas as denúncias que pesam contra ele contradizem este discurso. “É uma imagem fictícia. O bom empresário não deixaria que uma situação como essa (de dívidas) ocorresse”, diz a candidata.
Dívida trabalhista
Em outra acusação, Vanessa Portugal (PSTU), também fez críticas à ausência do socialista e revelou à platéia a existência de cerca de 300 ações trabalhistas contra a ex-empresa de Lacerda, a maioria reclamada por ex-funcionários que pleiteavam o pagamento de insalubridade, que não teria sido feito pela Construtel S/A, segundo a candidata.
Marcio Lacerda havia utilizado em programa de campanha depoimentos de ex-funcionários que enalteceram a maneira arrojada de Lacerda na condução dos negócios e na relação amistosa com os empregados.
Contestação
Para tentar se justificar, o candidato mandou distribuir à imprensa uma nota na qual diz que as acusações são “uma tentativa desesperada de confundir o eleitor”.
Conforme o comunicado, a Construtel S/A contesta na justiça a execução fiscal feita pela prefeitura. A assessoria de imprensa de Lacerda diz que empresa obteve ganho de causa no Supremo Tribunal Federal (STF) e aguarda a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Trata-se de questão judicial rotineira no mundo empresarial, uma vez que a legislação tributária brasileira é complexa e dá margem a várias interpretações. É direito dos envolvidos discutirem seus direitos na Justiça”, diz a nota, que tenta justificar o não pagamento de tributos como sendo algo “rotineiro” no meio empresarial.
Em relação aos processos trabalhistas, o comunicado é ainda mais descarado: diz que por ser uma empresa grande e ter muitos empregados (5 mil diretos e 10 mil indiretos), “é inevitável que surjam algumas reclamações trabalhistas. Cabe aos envolvidos nas desavenças trabalhistas buscarem seus direitos na Justiça”, revela a nota.
O comunicado acusa adversários de Lacerda de estarem criando “factóides” com o intuito de tentar confundir o eleitor.
“Política do medo”
Mas quem parece que quer confundir o eleitor é o próprio candidato do PSB. Em outra denúncia que foi levada a público pela
candidata do PCdoB, Jô Moraes, as forças políticas que sustentam a candidatura de Lacerda promovem uma tentativa de “intimidação” com supostas alegações de que obras em execução em Belo Horizonte vão parar se Lacerda não vencer.
A candidata afirmou que foi procurada por um porteiro de prédio que lhe disse que tem “medo”, porque “estão dizendo que, se o candidato deles não for eleito, as obras vão parar”.
Da redação,
com agências