Rio pode chegar à eleição sem debate de candidatos na TV

O Rio de Janeiro corre o risco de ser a única capital brasileira a chegar às eleições do dia 5 sem ter feito um único debate na TV entre seus candidatos a prefeito. Numa situação cheia de indefinições, não está garantido nem o encontro programado pela Red

“Sou a favor do embate de idéias, assim as pessoas vão perceber que as candidaturas são diferentes. Nós vamos entrar com uma ação na semana que vem para garantir que haja debate com todos os partidos”, anunciou também a candidata comunista, sobre a extravagante situação no segundo maior colégio eleitoral do país. Em São Paulo, os principais candidatos já se enfrentaram três vezes na TV.



Jogo de empurra



No Rio, a indefinição tem como pretexto uma ação do candidato Paulo Ramos (PDT), que deseja obrigar as emissoras a escolherem por sorteio os participantes do debate através de um sorteio. As emissoras, por sua vez, insistem em chamar para debater apenas os candidatos mais bem colocados nas pesquisas. O jogo de empurra prossegue e pode privar os eleitores cariocas de um instrumento importante para a definição do voto – apesar da assepsia que a influência dos marqueteiros tem imposto a maioria dos debates eleitorais.



A assessoria de imprensa da Rede Bandeirantes – que nesta quinta-feira promoveu debates em várias capitais mas pulou o Rio – afirmou que vai realizar um debate carioca, mas não informou quando nem com quais candidatos. A assessoria da Record informou que a emissora está negociando com os candidatos, mas depende da assinatura deles para realizar o debate. A Rede Globo informou que o debate está previsto para a noite de 2 de outubro, 58 horas antes do início da votação, mas a emissora ainda negocia com Paulo Ramos e por isso não garante que o encontro aconteça.



A Globo pretende convidar para o debate apenas os seis primeiros colocados na última pesquisa de opinião pública. Conforme a pesquisa do instituto Datafolha divulgada no dia 6 de setembro, os seis primeiros seriam: Eduardo Paes, do PMDB (25%), Marcelo Crivella, do PRB (21%), Jandira Feghali (12%), Fernando Gabeira, do PV (8%), Solange Amara, do DEMl (7%) e Chico Alencar, do Psol (4%). Paulo Ramos alcançou apenas 1% no Datafolha.



A quem interessa



Segundo o TRE-RJ,  todos os candidatos com representação na Câmara dos Deputados (o que inclui o PDT) devem ser convidados no caso de um debate pela TV. “Paulo Ramos apenas demonstrou conhecer as leis e está exigindo um direito dele. Caso ele não queira participar e resolva entrar num acordo com as emissoras o debate acontece. Mas, ele tem que ser convidado”, disse a assessoria de imprensa do TRE.



Observadores da cena política carioca acreditam que o impasse – antidemocrático embora não ilegal – não se deve apenas à insistência do pedetista. Haveria, segundo essa explicação, outras candidaturas interessadas em frustrar o debate na TV: em particular a de Eduardo Paes, que graças a uma máquina reconhecida como a mais cara da campanha saltou em dois meses de 9% para 25% das intenções de voto conforme o Datafolha; esse eleitorado recente seria mais sucetível a reexaminar sua opção caso tenha a oportunidade de confrontar os candidatos em um debate ao vivo.



Da redação, com agências