Para Conceição Tavares, crise atual não atingirá o Brasil

A turbulência no mercado financeiro mundial, acentuada nesta segunda-feira (15), após o pedido de concordata do banco norte-americano de investimento Lehman Brothers, não trará graves conseqüências ao Brasil. A avaliação é da economista e professora da Un

Conceição avalia que o atual cenário é uma crise do capitalista e, dentro de seu estilo característico, diz que “a economia americana foi para o buraco”, em entrevista ao sítio Terra Magazine, reproduzida abaixo:




Como avalia a queda das bolsas na segunda-feira?
O sistema financeiro internacional está ruim. Mas só está atingindo a bolsa, não está atingindo mais nada, graças a Deus. Eu estou muito tranqüila. No caso do Brasil, só atingiu as bolsas. Mas é claro, atinge o mundo inteiro, todas as bolsas.



Isso indica uma crise do capitalismo?
Sim, é uma crise do capitalismo, sem dúvida. A economia americana foi para o buraco e eles não estão conseguindo segurar o tranco. Eles estão com o sistema financeiro em pedaços. A crise da bolsa está ligada a essa questão do Lehman Brothers, eles não conseguiram vender a desgraça do banco. Como não conseguiram, já tinha a manchete de manhã. Quando aqueles bancões americanos entram em estado falimentar, a bolsa cai. Já teve vários. É natural. Cada um que entra no vermelho, as bolsas caem.



Como a senhora vê a intervenção do governo norte-americano para salvar esses bancos com dinheiro público?
Isso é que é o liberalismo, o resto é conversa (risos). Pois é, é sempre assim. O nosso programa de intervenção à época do Fernando Henrique Cardoso, o Proer, custou baratinho. Esse custou caríssimo, e o problema é que está custando muito caro – para o Tesouro americano. Eles não quiseram intervir agora no Lehman Brothers; eles já haviam intervido na Fannie Mae e no Freddie Mac e aquilo custou caríssimo. Nesse, eles deixaram rolar. E deu pânico. Quando o tesouro não intervém e não financia, dá pânico na Bolsa.



Isso deve afetar o PIB brasileiro mais à frente?
Não, por enquanto não há evidências de que vá nos afetar. Nosso sistema bancário não está em crise. O deles (dos EUA) é que está. Nós não temos nada a ver com isso; na verdade, quando elas (as bolsas estrangeiras) caem, tem muito investimento na nossa bolsa, e as bolsas são mundiais, são todas abertas. Então quando cai uma, caem todas. Mas isso só atinge a bolsa, por enquanto. A menos, é claro, que haja uma recessão cavalar que ainda não está à vista.