Brasil atinge marca inédita de contribuição previdenciária

Pela primeira vez na história brasileira, mais de 50% da população que trabalha no país contribui para algum instituto de previdência. Os números são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Est

A proporção de pessoas trabalhando com carteira de trabalho assinada também é a maior desde os anos 90 (quando a Pnad passou a ser feita com a metodologia atual). Segundo o estudo, 32 milhões de pessoas – ou 35,3% dos trabalhadores – tinham registro na carteira em 2007. Em 2005, este percentual foi de 33,1% e, em 2006, aumentou para 33,8%.



“Há pessoas que contribuem para a previdência, mas que não são empregados. Trabalham por conta própria ou são empregadores. Mas o aumento da contribuição indica que o trabalho está atrelado a um registro. Com isso, as pessoas passam a ter acesso a crédito, o que movimenta a economia do país. A pessoa consegue, por exemplo, adquirir um bem em prestações”, explica Cimar Azeredo, gerente da integração Pnad e PME (Pesquisa Mensal de Emprego), do IBGE.



Apesar do avanço, o número de empregados sem carteira ainda é grande: 20,6 milhões de pessoas (incluindo trabalhadores domésticos). Ou seja, 22,7% do total de pessoas ocupadas não têm registro. A queda em relação a 2006 foi de 0,7%.



“O resultado é comemorável, mas tanto o percentual de carteira assinada quanto o de contribuição previdenciária ainda são muito baixos. E os 50% restante? O rombo que se tem ainda é grande”, afirma Azeredo.



Menos crianças trabalhando



O crescimento do número de pessoas que trabalham foi inferior ao aumento vegetativo da população em idade ativa (10 anos ou mais), mas essa proporção traz um dado positivo: reduziram-se os jovens menores de idade que trabalham.



A população ocupada acima de dez anos cresceu 1,6% de 2006 para 2007 – de 89,3 milhões para 90,7 milhões. Já o aumento da população em idade ativa foi de 2%. Mas, enquanto o número de crianças e jovens de dez a 14 anos cresceu 0,8% no país, o contingente de trabalhadores nessa faixa etária diminuiu cerca de 7%. Na faixa de 15 a 17, a diminuição foi de 2,6%.



“De modo absoluto, o nível de ocupação aumentou nas camadas da população que deveria estar trabalhando”, explica Azeredo.



Em relação a 2006, os profissionais mais velhos foram os que apresentaram maior crescimento no número de ocupados: o grupo de 40 a 49 anos de idade cresceu 3,8% e, entre os que têm de 50 a 59 anos, a elevação foi de 2,8%. Entretanto: na faixa de 20 a 24 anos, houve redução de 1,3%.



Mas a comemoração ainda é parcial. Segundo a Pnad, dos 44,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade, 4,8 milhões estavam trabalhando em 2007 – 1,2 milhão de com menos de 14 anos, o que é proibido por lei. “Não existe um boom, a melhora não vai acontecer de uma hora para outra. Existe muito a se fazer, mas o que caminho é esse”, diz o pesquisador do IBGE.



Mulheres



A taxa de desocupação (proporção de pessoas sem trabalho no total de pessoas economicamente ativas) foi de 8,2%. Em 2006, o número foi de 8,4%. Entretanto, para os homens (6,1%), a taxa é menor que do que para as mulheres (10,8%). Em 2006, os números eram de 6,4% e 11%, o que demonstra que permanece a dificuldade de a mulher se inserir no mercado de trabalho.



“A mulher, embora seja a maioria da população em idade ativa [82.309 contra 77.052], é maioria na população desocupada. Isso pode vir do fato de que, se a mulher não é a cabeça do domicílio, ela pode ficar mais tempo procurando um emprego melhor. Além disso, embora tenha escolaridade superior, as empresas ainda têm restrição de que contratar a mulher, por ela já ter atividades em casa”, diz o pesquisador do IBGE.



Fonte: Uol