Evo acredita que observadores vão 'flexibilizar' oposição

O presidente boliviano, Evo Morales, manifestou neste sábado (20) sua esperança de que a presença dos observadores internacionais torne mais flexível a posição dos governadores rebeldes, que discutem em Cochabamba um acordo para pacificar o país.

“Tenho a esperança de que a presença da OEA, das Nações Unidas, da União Européia e dos países sul-americanos (Unasul) possa flexibilizar (a posição) de alguns governadores para que cheguemos a um acordo”, declarou Morales em entrevista coletiva em Cochabamba.



Morales retomará nas próximas horas o diálogo com os governadores rebeldes Rubén Costas (Santa Cruz), Savina Cuéllar (Chuquisaca), Mario Cossío (Tarija) e Ernesto Suárez (Beni), na tentativa de obter um acordo nacional que pacifique a Bolívia.



Sem entrar em detalhes, o presidente manifestou seu “desejo e grande esperança de que esta tarde ou amanhã (domingo)” se possa fechar um acordo que permita pacificar a Bolívia, após os protestos em cinco dos nove departamentos do país que deixaram cerca de 20 mortos.



O diálogo em Cochabamba é acompanhado pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pelo ex-chanceler chileno Juan Gabriel Valdez (Unasul) e por diplomatas e representantes da União Européia e da ONU, além de dignitários das igrejas católica e protestante.



Na noite de ontem, sexta-feira (19), o vice-presidente boliviano, Alvaro García, estimou que para se chegar a um acordo a oposição precisa reconhecer que na Bolívia existe uma nova “correlação de forças”.



“Se conseguirem entender este novo cenário de correlação de forças, teremos uma solução a curto prazo”, disse García, destacando que “são as minorias políticas do Congresso e regionais que estão obrigadas a aceitar e reconhecer a maioria política que define o programa nacional de governo”.



As negociações em Cochabamba começaram na quinta-feira, em duas frentes: uma envolvendo o presidente Morales e os governadores rebeldes, e outra técnica, com representantes dos dois lados, incluindo García.



Neste sábado, trabalhavam em Cochabamba duas comissões criadas para as negociações, que analisam a redistribuição do imposto arrecadado com o petrólero, as autonomias regionais e a aprovação da nova Constituição.



A terceira comissão, sobre a eleição de autoridades judiciais e eleitorais, ainda espera a definição de sua “metodologia de discussão”.



Novo prefeito de Pando



Ainda nestea sábado, Evo Morales nomeou o chefe de Estado Maior da Força Naval, Landelino Rafael Bandeira Arze, para ocupar interinamente a prefeitura (equivalente no Brasil a governo de estado) do departamento (estado) de Pando, onde se registraram os atos de violência mais graves em meio aos protestos contra os planos socialistas do presidente boliviano.



O comandante militar substitui Leopoldo Fernández, preso por ter violado o Estado de Sítio decretado em Pando pelo presidente Morales. Também pesa contra Fernández a acusação de ter ordenado um ataque de milicianos contra camponeses simpatizantes de Morales. 17 pessoas morreram no ataque.



A escolha de Arze para comandar Pando foi divulgada, hoje, pela Agência Boliviana de Informações (ABI). A justificativa do presidente boliviano para a nomeação do comandante militar, segundo a ABI, deveu-se a sua atuação, entre 2006 a 2008, na ajuda as famílias afetadas pelas inundações ocorridas no estado. “É obrigação do governo nacional, junto às instituições do Estado, garantir a paz, a tranquilidade, a ordem e a disciplina em um departamento”, disse o presidente ao justificar a designação do militar ativo.



O prefeito interino tomou posse na manhã deste sábado, no Palácio Quemado,sede do governo da Bolívia. Estavam presentes, de acordo com a ABI, todo o Alto Comando Militar e ministro de Estado.



“Prometo trabalhar com toda vontade, responsabilidade profissional e, sobretudo, com muito patriotismo para devolver ao povo de Pando a paz, a tranquilidade, a segurança civil e as garantias constitucionais”, disse o militar, que é de origem do mesmo departamento, ao assumir o cargo.



Da redação,
com agências