Opção política pode ter base biológica, diz estudo

Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que a opção política em cada indivíduo pode estar relacionada com a sensibilidade ao medo. Publicada na edição dessa semana da revista “Science”, a pesquisa afirma que pessoas com atitudes sociais radicalme

Segundo os resultados, as pessoas mais sensíveis ao medo e a ameaças tendem a ter opiniões políticas geralmente associadas às idéias dos partidos conservadores – como o apoio à pena de morte, aos gastos em defesa nacional, à Guerra no Iraque e a oposição ao aborto.


 


Em contrapartida, o estudo sugere que as pessoas menos afetadas pelo medo e que demonstram respostas fisiológicas mais contidas são mais propensas a apoiar políticas mais liberais de imigração, pacifismo, controle de armas e ajuda internacional – fatores normalmente relacionados com a opção de esquerda.


 


Reações



Para chegar aos resultados, os pesquisadores da Universidade de Nebraska-Lincoln analisaram as respostas de 46 voluntários com fortes opiniões políticas sobre diversos assuntos – da guerra no Iraque às políticas de imigração.


 


Depois dessa análise, feita a partir de questionários, os pesquisadores mediram a resposta fisiológica dos participantes quando expostos a uma série de sons e imagens.


 


A análise foi feita de duas formas: na primeira, os cientistas monitoraram as reações através de um aparelho que mede a variação da condutividade elétrica na pele enquanto os participantes assistiam às imagens que mostravam cenas neutras misturadas a outras mais “ameaçadoras” como uma aranha grande ou uma ferida aberta.


 


Sons repentinos também foram colocados para tentar “assustar” os participantes.


 


Na segunda, os pesquisadores mediram a força com que as pálpebras dos voluntários se fechavam quando eles piscavam.


 


“Os pesquisadores descobriram que essas reações se correlacionavam de maneira significativa conforme a posição social mais conservadora ou liberal de cada participante”, diz o texto da “Science”.


 


Segundo o estudo, as pessoas que apoiavam mais as políticas de “proteção à unidade nacional” demonstraram mais alterações na condutividade da pele quando expostos à imagens mais ameaçadoras do que aqueles que não apoiavam essas políticas.


 


Diferenças


 


De acordo com John Hibbing, que coordenou o estudo, a pesquisa não tem relevância política, mas pode explicar porque é tão difícil mudar a opinião de uma pessoa durante uma discussão sobre política.


 


“As pessoas estão experimentando o mundo e as ameaças de forma diferente”, disse.


 


“Existem orientações psicológicas diferentes. Não temos certezas de onde elas vem, podem ser genéticas, podem estar ligados a algum acontecimento da infância. O que sabemos, no entanto, é que são profundas porque são um reflexo – não é algo que você possa mudar amanhã”, afirmou Hibbing.


 


Para ele, os resultados ajudam a compreender porque algumas pessoas são tão teimosas em suas opiniões políticas.


 


Fonte: BBC