Debate geral da ONU entra em seu segundo dia

Temas com a pobreza, a crise financeira, os aumentos de preços de alimentos, os combustíveis e fertilizantes, e a mudança climática, entre outros, voltaram a ser analisados nesta quarta-feira (24) na Assembléia Geral da ONU.

No segundo dia do debate geral do 63º período de sessões, que foi inaugurado ontem pelo secretário-geral Ban Ki-moon e o presidente da Assembléia, Miguel D´Escoto, foram anunciadas numerosas intervenções.



Entre elas se destaca a do primeiro vice-presidente cubano, José Ramón Machado Ventura, que falará para a plenária da Assembléia Geral em nome do Movimento de Países Não Alinhados e de Cuba.



A esta reunião anual, que desta vez põe sua ênfase na lamentável demora na consecução das metas de desenvolvimento traçadas há oito anos para impulsionar o avanço dos países subdesenvolvidos, comparecem representantes dos 192 países membros da ONU.



Segundo o informado, ao redor de 120 delegações estão lideradas por chefes ou vice-chefes de Estado ou Governo.



Durante o primeiro dia, que foi antecedido por uma sessão especial dedicada às necessidades da África em matéria de desenvolvimento, o Secretário Geral alertou que a atual crise financeira põe em perigo o trabalho da ONU.



Ban destacou a urgência de uma nova liderança mundial que promova a colaboração mais que a confrontação.



Por sua vez, o diplomata e sacerdote nicaragüense D´Escoto pediu aos participantes escolher o caminho da solidariedade para extinguir o que chamou de cultura do egoísmo, que provoca a pobreza de milhões de pessoas.



O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, falou da crise financeira que o mundo enfrenta e apontou que a mesma não será superada com medidas paliativas, senão com mecanismos de prevenção e controle.



“A cobiça desenfreada de alguns não pode recair impunemente sobre os ombros de todos”, afirmou.



“Está em curso a construção de uma nova geografia política, econômica e comercial no mundo. No passado, os navegantes olhavam para a estrela polar para encontrar o norte, como se dizia…”.



“Hoje, estamos buscando as soluções aos nossos próprios problemas, contemplando as múltiplas dimensões de nosso planeta. Nosso norte, às vezes está no sul”, expressou.



Por sua vez, o presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou na Assembléia Geral a constante ingerência dos Estados Unidos em seu país e condenou a participação oculta da embaixada de Washington em La Paz na recente onda de violência nessa nação.



Depois de apresentar uma cronologia dessas ações radicais na Bolívia, Morales comparou as condenações a esses fatos por governos da América e Europa com a incapacidade da representação diplomática estadunidense de se pronunciar contra as mesmas.



Por sua vez, a presidenta argentina Cristina Fernández reclamou mais operatividade e resultados com relação às reformas dos organismos multilaterais e pôs como exemplo o avanço do assunto no cone sul latino-americano.



A presidenta argentina também propôs à Assembléia uma iniciativa promovida pelas Avós da Praça de Maio, de criar um banco com informação genética que facilite a identificação de pessoas desaparecidas.



Depois de pedir aos países da ONU ratificar o Tratado sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas, promovido pela Argentina, a Presidenta reiterou o pedido ao Reino Unido para resolver de maneira pacífica o litígio em torno das Ilhas Malvinas.



Outro orador latino-americano foi o presidente panamenho Martín Torrijos, que lamentou que num mundo com suficiente comida para todos existam 850 milhões de pessoas ameaçadas pela fome, um mal sobre o qual advertiu que põe em perigo a paz social.



Comparou a entrega nos últimos dias de centenas de bilhões de dólares para salvar as grandes empresas comerciais, com a indiferença diante da morte anual de cinco milhões 600 mil crianças menores de cinco anos.



Explicou que 640 menores falecem a cada hora devido a uma causa direta ou indireta de desnutrição.



O debate geral se estenderá até a próxima semana.