Odebrecht recua e vai pagar indenização ao Equador
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse neste sábado (27) que a construtora brasileira Odebrecht apresentou a seu governo uma proposta em que “aceita as exigências” do país para o pagamento de indenizações devido a erros na construção da hidrelétric
Publicado 27/09/2008 21:15
A medida teria como objetivo deixar sem efeito a decisão do governo equatoriano de interromper todas as obras que estão sob responsabilidade da Odebrecht no país, que somam um valor total de US$ 650 milhões.
“Depois de termos recebido um tremendo choque, recebemos ontem o acordo, unilateralmente, firmado”, afirmou Correa em seu programa de rádio, neste sábado, apontando com ironia que agora são eles (Odebrecht) que aceitam, depois de se recusaram e reconhecer os erros cometidos.
Correa assinalou que a empresa aceitou todas as exigências que o governo ecuatoriano pedira, como a reparação dos danos na usina de San Francisco e o pagamento de uma indenização milionária”.
O líder equatoriano disse que estudará a proposta para decidir se permitirá que a Odebrecht continue ou não no país. Correa disse que seu governo e a construtora haviam avançado em um entendimento, mas que “duas vezes eles deram para trás no último minuto”.
Correa afirmou que o crédito de US$ 200 milhões, outorgado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à Odebrecht, estava sendo erroneamente apresentado como dívida equatoriana.
A informação já havia sido desmentida pela chefe da Casa Civil do governo brasileiro, Dilma Roussef, que disse na quarta-feira que o empréstimo havia sido feito à Odebrecht: “O BNDES não tem relação com o Equador. Não emprestou dinheiro a esse país, mas sim à Odebrecht. Não vamos complicar mais a situação”, protestou.
Com uma potência prevista de 230 megawatts e com capacidade para abastecer 12% da energia do país, a central San Francisco foi construída pelo Consórcio Odebrecht – Alstom – Vatech (empresas européias) e inaugurada em junho de 2007.
A partir de junho de 2008 a San Francisco começou a apresentar falhas e logo depois foi fechada, o que, de acordo com o governo equatoriano, coloca em risco o abastecimento do país e poderia ocasionar apagões de energia.
As turbinas apresentaram falhas e deixaram de operar há cerca de dois meses. A Odebrecht chegou inclusive a ganhar um prêmio do governo equatoriano por terminar de forma antecipada as obras.