No Centro-Oeste, os favoritos são os candidatos à reeleição

Na próspera região do agronegócio brasileiro, a disputa eleitoral se caracteriza pela capacidade das lideranças se unirem em grandes coligações. Os candidatos à prefeito em Goiânia, Cuiabá, Campo Grande e Palmas, que aparecem como favoritos nas pesquis

Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, o atual prefeito, Nelsinho Trad, do PMDB, também é candidato à reeleição. Ele conta com a força do Partido na região, que governa a 16 anos a Capital e retomaram o Governo do Estado em 2006. Isso explica a posição de Trad nas pesquisas de intenções de voto – 69%. Ele superou Íris Resende, em Goiânia, reunindo em torno de sua candidatura 19 partidos. Resende tem 16 partidos em sua coligação (Favoritismo de Íris Resende esfria campanha em Goiânia).



A liderança nas pesquisas na capital do Mato Grosso, Cuiabá, é do tucano Wilson Santos, que tem 45% de intenção de votos. Ele é candidato à reeleição por uma frente de 11 partidos, incluindo o PCdoB.



Em Palmas, capital do Tocantins, onde a eleição se realiza em um turno só, a disputa está embolada. A última pesquisa Ibope, divulgada no dia 24 de setembro, apresentava o atual prefeito e candidato à reeleição, Raul Filho (PT), com 39% das intenções de voto, seguido de Marcelo Lélis (PV), com 29%, e Nilmar Ruiz (DEM), com 21%.



Com fé na virada



O principal adversário de Nelsino Trad é Pedro Teruel, do PT, que tem Moacir de Abreu, do PCdoB, como vice. Eles estão com 18% de intençãode votos nas pesquisas, mas não se dão por derrotado. Moacir reconhece a força do PMDB no Estado, mas ainda acredita na virada e na realização de um segundo turno. O PT administrou Campo Grande durante oito anos e agora quer retomar o poder.



Moacir de Abreu avalia a campanha como vitoriosa. “A nossa campanha obrigou o prefeito a assumir nossas propostas. Ele destaca o discurso “por uma cidade mais humana” da campanha da esquerda para se contrapor ao discurso mercantilista do atual prefeito.



“Ele diz que gasta 32% do orçamento em saúde, mas o atendimento é muito precário e eles colocam culpa na demanda do interior e países vizinhos”, diz Moacir, acrescentando que “a lógica é da privatização da saúde, a Capital só conta com 18 grupos do Programa de Saúde da Família (PSF), muito pouco para o tamanho da capital”.



Discurso vitorioso



O discurso otimista de Moacir alcança também a participação do PCdoB nas eleições. Na Capital, o Partido, que nunca teve representação política na história do Estado, disputa as eleições proporcionais com três candidaturas a vereador. E possui candidatura a vereador em 11 dos 78 municípios.



“A minha presença na chapa majoritária em Campo Grande é feito histórico. Conquistamos credibilidade política que se materializa com esse espaço, que nos permite participar do debate dos problemas do município e do Estado”, avalia Moacir de Abreu.



Aposta em Barra do Garça



Em Cuiabá, o PCdoB está coligado com o PSDB. O presidente estadual do Partido,
Miranda Muniz, explica que o opositor do tucano é o empresário Mauro Mendes, do PR, que recebe o apoio do governador Blairo Maggi. A aliança incluiu ainda o PT e o PMDB. Mendes está com 23% de intenções de votos e força um segundo turno com Wilson Santos.



Miranda Muniz explica a aliança com os tucanos com fatores de ordem mais localizada. O principal adversário do prefeito de Barra do Garça, Zózimo Chaparral, do PCdoB, é do PR, do governador.



“Na hora de apoiar o PSDB em Cuiabá, levamos em conta a reciprocidade do apoio dos tucanos em Barra do Garça”, explica Muniz, acrescentando que Wilson Santos fez uma administração considerada boa, tanto que está liderando as pesquisas.



Ele disse ainda que desde o ano passado, quando o Partido começou a discutir as eleições, definiram duas prioridades – a reeleição de Chaparral e da professora Janete como vereadora em Cuiabá. Janete, que teve votação expressiva para eleição para o Senado em 2006, tem boas chances de vitória. Em Barra do Garça, a avaliação de Muniz é que mesmo que as pesquisas dêem uma vantagem de 48% para Wanderlei Farias, do PR, contra 23% para Chaparral, “vamos virar esse jogo”, avalia o dirigente comunista.



Um turno só



Para Adriano Francisco de Lima, presidente estadual do PCdoB no Tocantins, a situação em Palmas já pode ter mudado, aproximando ainda mais os candidatos um dos outros. É que surgiu um fato novo. O ex-governador e tido como “coronel” da política do Estado, Siqueira Campos, do PSDB, assumiu a defesa da candidatura de Marcelo Lélis, o que pode ter produzido a subida dele nas pesquisas.



A candidatura de Raul Filho recebe o apoio do PCdoB e parte do PMDB, que está dividido entre duas candidaturas na Capital. Nilmar Ruiz – ex-prefeita e deputada federal – recebe o apoio do governador Marcelo Miranda, que é do PMDB.



Desde 1988, quando foi criado o Estado do Tocantins, o PCdoB sempre participou das eleições, destaca o presidente estadual da sigla, lembrando que, superadas as dificuldades com as mudanças de direção, os comunistas esperam eleger uns cinco vereadores em todo o Estado e disputa com dois nomes na Capital. O PCdoB tem ainda quatro candidatos a prefeito no interior. Quatro candidatos a prefeito no interior. A candidatura que tem mais força política é de Juatan Bezerra, em Marianópolis.



De Brasília
Márcia Xavier