Bolívia: hora da decisão para o diálogo
O governo boliviano considerou as horas daqui para domingo (5) como decisivas para o esperado pacto de reconciliação com quatro governadores oposicionistas . Por isso, voltou a instar os governantes de Santa Cruz, Tarija, Beni e Chuquisaca a se somarem
Publicado 04/10/2008 10:30
O próprio presidente Evo Morales, ao regressar na véspera de um ato popular na localidade de El Torno (no norte do departamento de Santa cruz, a 200 km do estado brasileiro de Rondônia), explicou para Prensa Latina que é ''vital' que os governadores assinem um pacto nacional, mas sem condicionamentos.
Evo confirmou que estará domingo na cidade de Cochabamba para conhecer os resultados das deliberações sobre os três eixos do conflito boliviano: autonomias e nova Constituição; o Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos; e a eleição das autoridades judiciais.
O presidente destacou os resultados dos encontros em separado com os governadores de Santa Cruz, Rubén Costas; de Tarija, Mario Cossío; e de Beni, Ernesto Suárez. Adiantou também que se encontra neste sábado com Savina Cuéllar, de Chuquisaca.
Os governadores anunciaram o seu retorno ao diálogo com o governo central, que busca uma saída para a crise política. Cossío anunciou a decisão em nome dos restante do bloco, depois de se reunir com organismos bolivianos e estrangeiros que atuam como observadores das negociações.
Ele informou que os quatro reiniciarão os encontros com o presidente, dos quais se espera a conclusão de um acordo sobre as bases da pacificação. O governador de Tarija disse que participaram das consultas representantes da Igreja, das Nações Unidas e da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Os quatro governadores, agrupados no Conade (Conselho Nacional Democrático), abandonaram as negociações na quarta-feira (1º), em protesto contra a detenção do líder cívico José Vaca, acusado de participar em ações terroristas.
O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García, disse que o Executivo solicitou ao Congresso que interrompa a tramitação do projeto que convoca o referendo sobre a nova Constituição. Segundo García, a medida visa dar tempo para que se conclua o processo de diálogo; é uma demonstração de flexibilidade, visando fazer com que depois das conversações se assine um pacto de reconciliação nacional, disse ele.
Ao mesmo tempo, o vice criticou a postura dos governadores oposicionistas, que aceitaram dar continuidade às negociações neste domingo mas colocaram condições que García julgou inaceitáveis. Ele argumentou que não se pode chantagear o Executivo quanto à detenção de pessoas envolvidas na tomada de instituições públicas e em atos terroristas, como a explosão de instalações petroleiras e o massacre de camponeses.
Álvaro García disse que ''são inegociáveis os processos judiciais que prosseguem'' contra cidadãos como José Vaca, funcionário do governo de Tarija envolvido na explosão da válvula de um gasoduto na localidade de Villamontes. Disse também que os encontros darão o primeiro passo nas negociações, cabendo ao Congresso encontrar os caminhos para encerrar a atual crise política.
O ministro da Descentralização, Fabián Yaksic, confirmou que neste fim de semana deve se concluir a primeira parte do diálogo entre governo e oposição. Yaksic disse que os relatórios das comissões técnicas sobre os temas do conflito foram entregues aos mediadores de organismos internacionais como a Unasul (União das Nações Sul-Americanas). O ministro chamou os setores da oposição a respeitar os pontos de consenso alcançados até o momento.
* Fonte: http://www.prensa-latina.cu