Esquerda convoca jornada nacional de protesto no Peru

Uma frente de organizações sociais e políticas de esquerda confirmou a realização, na terça-feira (8), de uma jornada nacional de protesto, enquanto o governo começou a mobilizar as forças armadas.

O presidente da Confederação Geral de Trabalhadores (CGTP), Mario Huamán, disse que a jornada exigirá uma mudança de rumo da política econômica neoliberal vigente no Peru desde 1992, bem como na política social e na ética do governo.



Informou que a jornada consistirá em marchas de descontentamento em Lima e outras cidades, bem como algumas greves gerais em regiões como Arequipa, Cusco e Ica, no sul, bem como a selvática do Amazonas.



Advertiu que as organizações populares apelarão a medidas mais drásticas se suas demandas não forem atendidas pelo governo e recordou a crescente desaprovação deste, reportada por diversas pesquisas.



O executivo previu o fracasso do protesto e o premiê, Jorge del Castillo, disse que não está preocupado com a greve nacional convocada pela CGTP, ante a qual esta o acusou de pretender confundir a cidadania porque não há nenhuma paralisação nacional convocada.



Ao recusar as acusações de violência lançadas pelo governo contra a coordenadora que convoca ao protesto, Huamán disse que o principal fator desestabilizador é o executivo, por descumprir promessas e compromissos, não atender as demandas sociais nem os pedidos de diálogo.



Enquanto isso o governo recebeu críticas por haver dito que as forças armadas devem apoiar a polícia para manter a ordem amanhã, o que inclui ações prévias e posteriores dos militares.



“Ao invés de dialogar, o regime responde às demandas sociais com repressão”, comentou Huamán, que considerou essa atitude ditatorial.



O dirigente assinalou que as organizações sociais não se deixarão amedrontar pelas tropas e disse que o uso desta evidência o fracasso da tentativa governamental de minimizar o protesto de amanhã.



O presidente da Frente de Defesa da região sul andina de Cusco, Efraín Yépez, disse que o deslocamento militar é uma provocação de efeitos imprevisíveis.



O ministro de Defesa, Ántero Flores, sustentou que a medida é normal e o ex-titular do Interior Fernando Rospigliosi asseverou que o uso de tropas é uma medida “negativa, perigosa e desnecessária”.