Ítalo Bianchi (1924-2008): o adeus a um ícone da publicidade

O estado de Pernambuco, o mundo da comunicação, filhos, netos, amigos e admiradores se despediram com pesar do publicitário Ítalo Bianchi. Vítima de câncer no pulmão, Ítalo faleceu aos 84 anos, em casa, enquanto dormia, às 16 horas de domingo. Foi enterra

O publicitário nasceu em Milão, na Itália, em 1934, em uma família ligada às artes — a mãe era cantora lírica e o pai, escultor e escritor, enquanto o avô era lingüista. Formado em história da arte, na Itália, Ítalo migrou para São Paulo no ano de 1949


 


Uma vez no país, atuou como cenógrafo da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Em 1955, trabalhou em Buenos Aires na produção de cenários para os espetáculos de balé clássico da Companhia de Dança Ana Hitelman.


 


De volta ao Brasil em 1957, trabalhou no jornal Estado de S. Paulo. Foi nessa época que assinou criações publicitárias e projetos de marcas e embalagens como free-lance. De 1962 a 1967, ensinou história da arte e teoria da comunicação no IAD — fase em que também fez design de móveis.


 


No ano de 1968, chegou ao Recife, onde montou um estúdio de comunicação visual e criação publicitária. Foi também na capital pernambucana que ele estabeleceu uma renomada agência — a Italo Bianchi Publicitários Associados —, em parceria com Alfrízio Melo.


 


“Havíamos trabalhado juntos na ProN Propaganda. Ficamos amigos e acabamos fundando a Italo Bianchi Publicitários Associados, em 1971”, lembrou Alfrízio. “Aprendemos muito com ele.”


 


Desde então, tornou-se um dos mais conhecidos profissionais da área no Nordeste, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980. Ítalo exerceu profissões nas áreas das artes e da comunicação. Nos últimos anos, era consultor de comunicação e de cursos na área da Faculdade Maurício de Nassau. “O meio publicitário perdeu, ontem, um de seus mais ilustres e reconhecidos integrantes”, registrou o Diario de Pernambuco.


 


“Conhecido como o pioneiro na arte profissional da publicidade, ele era também admirado por suas habilidades na escrita e no desenho”, acrescentou o jornal. Cronista e ensaísta, Ítalo Bianchi lançou um livro sobre as coletâneas de crônicas publicadas no Jornal do Commercio. Há textos de sua autoria — especialmente crônicas e breves ensaios — na seção “Prosa @ Poesia”, do Vermelho, para o qual colaborou.


 


“Ele era um marido maravilhoso. Estava debilitado com a doença, que é devastadora, mas bastante lúcido, consciente e lutando contra o sofrimento”, afirmou Sônia Bianchi, esposa de Italo. Os dois eram casados há 40 anos. “Nos conhecemos em São Paulo, assim que ele chegou da Itália. Quando decidiu vir para o Nordeste, estava ao seu lado”, completou Sônia, que teve uma filha com ele.


 


À família, Ítalo sempre demonstrou que queria ser enterrado da forma mais simples possível. Como era ateu, havia pedido que, durante o velório, não fossem celebradas cerimônias religiosas.


 


“Ele nunca gostou muito dessas coisas. Falava para nós que não fizéssemos nada de mais”, afirmou Guido Bianchi, um de seus cinco filhos. Ateu, teve o principal desejo atendido. “Ele fez questão que não chamássemos padres ou pastores. Não queria conotação religiosa em seu último momento”, finalizou Guido.