Flávio Dino quer eleições limpas e articula visita de Lula

Em entrevista coletiva realizada hoje (6) em São Luis, o candidato do PCdoB à Prefeitura, Flávio Dino, falou sobre o segundo turno. Ele rechaçou a afirmação feita no programa “Bom dia, Brasil”, da Globo, pelo jornalista Alexandre Garcia, segundo a qual

Alexandre Garcia
“Essa tática de plantar notícia em nível nacional para dar ares de credibilidade já foi derrotada no primeiro turno e será derrotada no segundo. Nesta manhã, recorreram a um jornalista (Alexandre Garcia, no ‘Bom dia, Brasil’) – que em comum com o candidato João Castelo tem o fato de ter trabalhado para a ditadura militar – para dar ares de credibilidade a boatos (a respeito de uma suposta interferência de Sarney para que Lula gravasse depoimento favorável a Flávio Dino na propaganda eleitoral). O presidente Lula é do PT. É, portanto, do partido que está coligado conosco. Sou do PCdoB, da base do governo. Ou seja, não precisamos de procuradores para falar com o presidente Lula. Podemos tratar com ele diretamente. Alexandre Garcia não falou a verdade. E quando ele vai ao ‘Bom Dia Brasil’ dizendo inverdades é porque o PSDB articulou. Quem nacionalizou essas eleições foi quem plantou boatos fora daqui para dar credibilidade a eles aqui. Essa é uma eleição de interesse nacional. O PSDB está plantando notícias falsas nacionalmente”.


 



Fuga de Castelo
“O embate agora é entre Flávio Dino e João Castelo. Por que Castelo tenta fugir do debate real e recorre a terceiros, colocando Sarney no meio da história? Logo ele que tem tanta intimidade com Sarney. Eu não devo nada ao Sarney. Ele sim deve. Castelo não foi eleito governador pelo povo do Maranhão. Ele foi indicado por um presidente com o apoio de Sarney. Todos os cargos que exerci na minha vida foram por concurso público ou com o voto popular. Ou seja, são histórias bem diferentes. Convido respeitosamente o candidato João Castelo a debater as nossas biografias políticas. É este o debate que está colocado: quem é a pessoa apta a mudar a história política de São Luís.”


 


Pacto por eleições limpas
“Estamos propondo publicamente nesta entrevista e amanhã formalmente na Justiça Eleitoral um pacto por eleições limpas, à altura do que o povo de São Luís deseja e merece. Um debate aberto e programático, porém respeitoso. Ao propor esse pacto estou, num certo sentido, propondo a anistia. Eu anistio João Castelo dos boatos, das mentiras, das infâmias usadas para ganhar no primeiro turno. Houve boatos os mais disparatados possíveis, uma campanha de destruição de minha imagem pessoal. E depois, teve ainda a grosseira manipulação de pesquisas prejudicando a mim e a Clodomir Paz. Se as pesquisas tivessem sido feitas tendo por base critérios científicos, equivaleria a dizer que Clodomir Paz no sábado dobrou a sua votação. Qualquer analista político sabe, pelo ritmo em que vinha o candidato, que ele não poderia no sábado ter saído de 5% para 10%. E todos sabem que é impossível que eu, que na sexta-feira fui apresentado como tendo 24%, tenha fechado com 35%. Ou seja, eu teria crescido 11% em um único dia. Isso por si só denuncia – e faço questão de denunciar publicamente – a manipulação das pesquisas visando a alterar de modo artificial o resultado da eleição e criar um cenário de primeiro turno”.


 



Lula em São Luís
“Conversei com os presidentes do PT, Ricardo Berzoini, e do PCdoB, Renato Rabelo, para que eles tratem com o presidente Lula (de sua vinda a São Luís no segundo turno). Ele é o melhor presidente de nossa história. Temos muito orgulho de representá-lo. Lula já está presente na eleição de São Luís. Tão presente que o candidato João Castelo disse que quem teve voto foi o Lula e não o Flávio Dino. Isso é uma honra. Nossa identidade é tão profunda que o povo entendeu. Então, é isso mesmo: votando em Flávio Dino está se votando em Lula. Castelo tem razão”.


 


Defesa do governo Lula
“Estamos prontos para governar, de modo aberto e generoso, fazendo os pactos necessários para que possamos uma gestão que mude, de fato, a história de São Luis. Para isso, reiteramos aqui as três grandes linhas de nossa campanha. A primeira delas é a defesa firme e honesta do governo Lula. Não por oportunismo eleitoral, mas porque apoiá-lo faz parte de nossa história. Temos autoridade para dizer que, se é verdade que Lula não tem dono, é também verdade que tem lado. E ele já expressou que está do nosso lado. No segundo turno, com dois candidatos, isso ficará ainda mais claro: há o candidato apoiado pelo PCdoB e pelo PT, partidos que foram determinantes para a construção desse novo momento da história brasileira, e há o PSDB, um partido que – sou testemunha viva disso no Congresso – mais trabalha para sabotar o governo do presidente Lula. O partido chegou a sonhar com seu impeachment. É preciso lembrar esses fatos e fazer esta distinção entre o que somos e o que o PSDB é“.


 



Melhorias para a população
“O segundo ponto diz respeito aos problemas da cidade de São Luís. Esses meses de campanha nos possibilitaram conhecer mais de perto as necessidades de nosso povo. Ouvimos a população e hoje podemos dizer que estamos ainda mais bem preparados para governar. Com o PAC São Luís, faremos investimentos nas áreas de saneamento, habitação e regularização fundiária. O sistema de saúde é um sistema de tragédias cotidianas que vamos combater duramente mediante a gestão dos recursos disponíveis e a utilização da estrutura existente. Na educação vamos, entre outras coisas, implantar o ensino em tempo integral e investir na capacitação para preparar nossos jovens para a vinda da refinaria (no município de Bacabeira, a 58 quilômetros da capital)”.


 



Cuidado com as pessoas
“João Castelo só sabe falar de obras, do passado, que inclusive não resolveram os problemas de São Luís. Ele se vangloria do que fez há 30 anos, quando foi governador. Vamos pôr em debate a real utilidade dessas obras. E quero saber o que ele fez durante todo esse tempo, depois que deixou de ser governador. A solução dos principais problemas de nossa cidade não transita por obras. Esse discurso de obras e mais obras não corresponde ao padrão moderno de gestão. Precisamos humanizar São Luís, cuidar das pessoas, fazer políticas sociais e garantir que as estruturas existentes funcionem. Devemos fazer somente as obras que forem realmente necessárias”. 


 


Diálogo amplo
“O terceiro ponto é fazer uma política moderna baseada no diálogo com as forças vivas da nossa sociedade e da nossa política. Vamos procurar todos os partidos que ficaram de fora desse segundo turno, os vereadores eleitos e não eleitos, as lideranças – sindicais, religiosas, sociais, populares e empresariais – e propor um pacto por uma São Luís melhor. Quem aderir a esse programa, estará aderindo a uma proposta republicana, não oligárquica, a uma gestão que separa o público do privado, sintonizada com o presidente Lula. Vamos procurar a todos de maneira transparente”.


 



Significado de 2008
“A eleição de São Luis é muito importante para os rumos políticos do Maranhão nos próximos anos. O PSDB teve vitórias importantes no restante do estado, com destaque para Imperatriz – onde elegeu seu prefeito. Se o PSDB ganhar em São Luis e com a dominação que já tem no governo Jackson Lago (PDT), o PSDB terá à sua disposição os principais instrumentos institucionais de ação política. Esse domínio não é bom para a política maranhense e nem brasileira. Porque isso significará que o Maranhão estará na contramão do movimento que representamos nacionalmente. Se vencermos, a política maranhense se pluraliza porque teremos três forças – o grupo Sarney, o PSDB e a esquerda – em pé de igualdade para que possamos discutir com a sociedade o futuro do estado.”