Gabeira quer Lula longe do segundo turno do Rio

Gabeira mostrou-se hostil à idéia de uma cacionalização da campanha, que tende a confrontá-lo com Lula. Embora filiado ao PV, que formalmente é da base do governo, o candidato como deputado federal tem feito oposição ao governo, coligou-se com os oposicionistas PSDB e PPS e acaba de receber o apoio do DEM do prefeito em fim de mandato, Cesar Maia.

Contra a nacionalização

“As pessoas vêem nacionalização como uma briga entre PSDB e PT, mas a minha nação é maior do que isso. Nacionalizar é negar a singularidade e a importância do Rio como se fosse uma peça a mais no tabuleiro do país”, argumentou Gabeira.

O cientista político e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Geraldo Tadeu, em entrevista ao Globo Online, considerou improvável a desnacionalização almejada por Gabeira. “Acredito que vai se configurar uma nacionalização do enfrentamento do segundo turno que vai prejudicar o Gabeira. Ele está coligado com dois partidos de oposição ao governo Lula (PSDB e PPS) e agora ainda vai receber o apoio do DEM (de César Maia)”, afirmou Tadeu, para quem isto beneficiaria Paes.

Pulverização no primeiro turno

Gabeira e Paes se ocupam desde o domingo na montagem de suas alianças de segundo turno, e a resistência do primeiro à nacionalização tem a ver com isso. No Rio de Janeiro as alianças de segundo turno serão particularmente importantes, devido à pulverização verificada no primeiro turno.

Na votação de domingo no Rio, apenas 57,5% dos votos válidos foram para um dos dois finalistas (Paes 32,0% e Gabeira 25,6%). Foi o segundo índice mais baixo entre todas as 11 capitais que terão segundo turno, auperando apenas o de Belém.

Capelli: “Resta derrotar Gabeira”

Eduardo Paes (PMDB) anunciou na tarde desta terça-feira  um acordo para receber apoio do PSB no segundo turno das eleições no município, no próximo dia 26. A legenda estava na coligação de Jandira Feghali (PCdoB) no primeiro turno, embora também participe da administração estadual do governador Sérgio Cabral, que patrocinou a candidatura Paes.

O PCdoB, de Jandira Feghali, que teve 9,8% da votação deste domingo, informou que vai anunciar seu apoio no segundo turno das eleições do Rio na quarta-feira (8). No entanto, uma mensagem de “Ricardo Capelli, membro da direção estadual do partido, traz indicativos do estado de ânimo dos comunistas cariocas. Capelli lamenta que, “mais uma vez”, a esquerda da cidade tenha chegado “ao segundo turno sem nenhum representante”. Mas conclui com um ataque direto ao candidato verde-tucano:

“No Rio, nos resta agora derrotar a candidatura Gabeira, representante do conservadorismo mais atrasado no segundo turno. Pode parecer estranho chamar um verde ex-guerrilheiro de conservador, mas afirmo isso sem nenhuma vacilação. Sustentam a candidatura Gabeira os setores de oposição ao Presidente Lula, Tucanos e o velho PPS, que encontraram em Gabeira nova roupagem para velhas práticas. Se para ir de trem para Santa Cruz Gabeira usou policiais como seguranças, imaginem a relação que ele teria com o povo na Prefeitura. Não por acaso, César Maia já anunciou seu apoio a Gabeira.”

Paes quer “partidos progressistas”

A assessoria de imprensa de Marcelo Crivella do PRB, o terceiro mais votado, com 19,1%,, disse que o candidato está fazendo um balanço da votação no primeiro turno e, por enquanto, permanece neutro, sem posição sobre alianças. O deputado Chico Alencar, do PSOL, também ainda não anunciou apoio no segundo turno, mas já disse que uma aliança com Paes “é impensável”.

“Estamos conversando com outras forças políticas para tentar chegar ao maior número de partidos progressistas. Ainda não falei com o senador Crivella nem com Jandira. Conversei com o PT e vamos trabalhar para ter o apoio do partido. Não me encontro com o Lula hoje (o presidente cumpria agenda em Angra dos Reis e no Rio). Estamos conversando com forças políticas do Rio”, disse o candidato.

O DEM do prefeito vai de Gabeira

O Diretório Municipal do DEM reuniu-se na noite desta segunda-feira (6), no Palácio da Cidade, no Centro do Rio, para apoiar a candidatura de Fernando Gabeira. A reunião tirou uma nota recomendando aos eleitores e filiados do partido que votem em Gabeira, já que esta “é a candidatura que mais se aproxima das políticas executadas na prefeitura desde 1993”, quando começou o primeiro governo do prefeito Cesar Maia.

Há dúvidas entre os observadores sobre a eficácia desse apoio. A administração Cesar Mais se conclui com um grande índice de rejeição e sua candidata, Solange Amaral, ficou em sexto lugar na votação do dia 5, com 3,9% dos votos.

Da redação, com agências