Ibope admite erros nas pesquisas: o pior foi em São Luís

A Comparação coteja os resultados eleitorais com os números das últimas pesquisas e, onde houve, das pesquisas de boca-de-urna. Há dados de 48 cidades onde o instituto realizou pesquisas; em apenas quatro a ''porcentagem de votos previstos corretamente'' excedeu 90%. No caso de São Luís, este índice ficou em 87%.

Erros em cascata

Os erros se agravaram uns aos outros, em relação aos dois candidatos mais votados, Castelo e Flávio Dino (PCdoB), que disputam agora o segundo turno. Castelo, um ex-governador biônico e ex-expoente do ''sarneysmo'', hoje rompido com o ex-presidente, teve 52% das intenções de voto na última pesquisa Ibope feita na quarta e quinta-feira passadas (1 e 2). Os outros candidatos somariam 44%, o que sinalizava uma tranqüila vitória no primeiro turno

Com 805 eleitores da capital Maranhense, a pesquisa previa uma margem de erro de três pontos para cima ou para baixo. Mas, abertas as urnas, Castelo teve 43,12% dos votos, uma diferença de quase nove pontos para a sondagem e quase seis pontos acima da margem de erro.

Em relação ao jurista e hoje deputado federal Flávio Dino, a distorção foi inversa. Na pesquisa ele aparecia com 27%; contados os votos, teve 34,28%: mais de sete pontos de diferença e de quatro acima da margem de erro. Somadas as duas distorções, o Ibope errou por 16 pontos percentuais a diferença entre as votações dos dois mais votados em São Luís.

Controvérsias no ''Triângulo das Bermudas''

No Maranhão as pesquisas são tradicionalmente muito discutidas e contestadas, acusadas de manipulação. Porém nesta eleição o debate sobre elas atingiu em cheio também o ''Triângulo das Bermudas'', formado por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, as maiores metrópoles do país.

O Ibope fez pesquisas de boca-de-urna nas três cidades. Em Belo Horizonte apurou 38% para Leonardo Quintão (PMDB) e as urnas mostraram 41%. No Rio, atribuiu 23% a Gabeira (PV-PSDB), que na apuração teve 26%. Em São Paulo, aferiu 36% para Marta Suplicy (PT), que na contagem teve 33%. As três discrepâncias superam a margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais.

No caso paulistano, isto se acumulou com uma subestimação da votação de Gilberto Kassab (DEM+Serra), esta dentro da margem de erro. Somados os dois equívocos, a pesquisa de boca-de-urna do Ibope – como a do Datafolha – previu que Marta seria a mais votada, quando o demista terminou em vantagem de 0,8 ponto.

Da redação, com Ibope e agências