Lula garante que crise não afetará obras pelo Brasil afora

Nenhuma obra de infra-estrutura assumida pela governo vai parar por causa da instabilidade dos mercados internacionais, voltou a garantir nesta segunda-feira (13) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, tanto as obras do Programa de Aceleraçã

Em seu programa semanal Café com o Presidente, Lula lembrou a reunião entre líderes europeus e norte-americanos na semana passada para discutir estratégias que aliviem a crise. Ele considerou a iniciativa “uma novidade na economia mundial” já que, pela primeira vez, o mundo vive uma crise “que ataca o âmago dos países ricos e do capitalismo”.



Para Lula, o atual cenário sinaliza a necessidade de regulamentação para o funcionamento do sistema financeiro mundial. Ao comentar a viagem que fará à Espanha, Índia e Moçambique nesta semana, o presidente adiantou que, além da crise econômica, temas como os biocombustíveis e a parceria Brasil-Espanha também entrarão em pauta. Para ele, esses encontros serão importantes, inclusive para a conclusão da Rodada Doha.



Leia abaixo a íntegra do programa:



Olá você de todo o Brasil eu sou Luciano Seixas e está começando agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá, presidente, como vai? Tudo bem?
Tudo bem, Luciano.



Presidente, na semana passada o senhor inaugurou a Plataforma P-51. Qual o simbolismo deste ato?
A inauguração da P-51 foi uma coisa muito importante, seja do ponto de vista pessoal, seja do ponto de vista dos interesses do Brasil. É importante lembrar que a P-51 foi a plataforma que causou uma polêmica na campanha de 2002, quando nós dizíamos que iríamos construir a plataforma aqui e naquele tempo, quem dirigia a Petrobras, dizia que o Brasil não tinha a tecnologia, não tinha engenharia e não tinha mão de obra qualificada e nem os estaleiros para construir aquela plataforma. E por isso eu fiquei muito orgulhoso e foi um momento de glória, que me intrigou tanto e eu senti a emoção dos trabalhadores, que foi uma coisa fantástica, porque eles acompanharam essa briga, eles participaram de reunião. Os empresários participaram, os dirigentes de sindicatos participaram e a emoção foi muito grande. Ou seja, finalmente, o Brasil provou que é capaz de fazer aquilo que uma parte dos dirigentes do passado não acreditavam que o Brasil seria capaz de fazer. E o meu orgulho maior é porque, ao inaugurar a P-51 ela é 100% nacional. Então, é um motivo de orgulho e isso mostra que o Brasil aprendeu, mostra que o Brasil evoluiu, que o Brasil detêm essa tecnologia e esse conhecimento que qualifica o Brasil para ter uma indústria naval competitiva e disputar com qualquer país do mundo que tem indústria naval grande ou média. O Brasil na verdade está recuperando a sua indústria naval e, com os novos estaleiros, com a descoberta do Pré-sal, com as descobertas da Petrobras, certamente, nós vamos chegar daqui a uns anos a ter, se não a maior, mas pelo menos voltar a ser a segunda indústria naval do mundo.



Presidente, muita gente se preocupa com os investimentos da Petrobras, que com a crise podem dar pra trás. O que o senhor diria a esse respeito?
Olha, eu tenho dito que nenhuma obra de infra-estrutura que o governo assumiu o compromisso de fazer, vai parar. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai continuar, as obras da Petrobras vão continuar e eu tenho certeza de que os investimentos das grandes empresas brasileiras vão continuar. Eu penso que é importante a gente ficar preocupado, ficar atento com a crise, mas saber que o governo não vai permitir que as obras que nós contratamos e iniciamos vão ser paralisadas. Tudo vai continuar acontecendo neste país. E cada vez um que acontecer um problema, vamos resolver aquele problema, mas sem criar o pânico que alguns querem que se crie neste país.



Ainda sobre a crise, Presidente, aconteceu uma reunião entre líderes da Europa e dos Estados Unidos. Como está a situação agora?
Olhe, eu penso que está acontecendo uma novidade na economia mundial. Pela primeira vez, você tem uma crise que ataca o âmago dos países ricos, do capitalismo. Ela não começa pela periferia dos países emergentes ou dos países pobres. Ela começa no centro do capitalismo mundial, que é os Estados Unidos, e depois vai para a Europa. E ainda não chegou a muitos países periféricos, porque todos os que resolveram fazer com que o sistema financeiro dos seus países vivessem de especulação estão com problema. Graças a Deus, os bancos brasileiros não entraram nisso e portanto estão muito mais tranqüilos. O fato desta crise ter começado no coração do país mais importante do planeta, que é os Estados Unidos, que tem o maior PIB, está levando também com que os dirigentes mundiais passem a discutir coletivamente uma saída global para esta crise. Tudo isso demonstra o que? Que é preciso que a gente trate de ver uma regulamentação para o funcionamento do sistema financeiro. De forma que a crise existe, ela é real, mas eu penso que, pela primeira vez, todo mundo está tentando encontrar uma saída.
 


Presidente, nesta semana, o senhor vai à Espanha, Índia e Moçambique. O que está previsto para essas viagens?
Olha, a minha viagem à Espanha, à Índia e a Moçambique, tem um assunto que será tratado em todos os países, que é a crise econômica, a questão dos biocombustíveis e que é a parceria entre Espanha e Brasil. Essas reuniões elas são importantes, sobretudo na Índia, porque a Índia é um dos países que tem uma certa divergência com os Estados Unidos para concluir a Rodada de Doha. Na semana passada, eu conversei com o presidente Bush. Fui informado sobre qual a divergência entre eles e a Índia e, portanto, eu vou conversar com o primeiro-ministro Singh (primeiro-ministro da Índia), para que ele compreenda que, neste momento, nós dirigentes temos que dar uma boa notícia a humanidade, concluindo a Rodada de Doha. E eu penso que, eu sou muito otimista, acredito que seja possível. Está muito perto, nunca estivemos tão perto de concluir o acordo. Vai depender muito agora da sensibilidade do governo da Índia.
 


Muito obrigado, presidente Lula, e até a semana que vem.
Muito obrigado a você, Luciano, e até a próxima semana.



Fonte: Presidência da República