Policiais farão paralisação nacional em apoio a grevistas de SP

A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) convocará uma paralisação nacional de duas horas, no dia 29 de outubro, em apoio à greve dos policiais civis em São Paulo. De acordo com a Adepol, a paralisação terá início às 14 horas. Em reunião r

A decisão da Adepol foi tomada principalmente devido à repressão do movimento paulista por parte da Polícia Militar do estado. Os policiais civis paulistas, que estão em greve há mais de um mês, foram duramente reprimidos por policiais militares próximo ao estádio do Morumbi, na zona sul de São Paulo, na tarde desta quinta (16).


 


A intenção dos grevistas era fazer uma passeata até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. No entanto, as ruas próximas do Palácio foram bloqueadas pelos policiais militares. Os manifestantes tentaram furar o bloqueio da PM e prosseguir com a passeata, mas foram contidos com bombas de gás lacrimogênio e balas de borrachas. Dezenas de pessoas ficaram feridas.


 


Serra intransigente


 


Na tarde desta sexta-feira, ocorreu uma reunião dos policias com as centrais sindicais para avaliar o rumo do movimento grevista na sede do Sindicato dos Investigadores da Polícia do Estado de São Paulo. Segundo as lideranças sindicais, a reunião se tornou um ato de solidariedade ao movimento. Na avaliação dos participantes, a greve saiu fortalecida após o conflito desta quinta.


 


“Foi uma reunião que se transformou em um ato de apoio à policia civil. Participaram as seis centrais sindicais e todas repudiaram a  posição do governador José Serra (PSDB) e a truculência que houve na manifestação que buscava chegar ao Palácio Bandeirantes”, informou ao Vermelho o presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes.


 


Ele criticou a acusação feita pelo governador de que o movimento dos policias é “oportunista”. “O Serra é só papo, ele diz que não negocia em greve, mas quando a categoria estava trabalhando ele também não negociou. Os governos do PSDB, incluindo o do [Geraldo] Alckmin, nunca receberam nenhum sindicalista no Palácio dos Bandeirantes para negociar”, argumentou Wagner.


 


Centrais pressionarão por negociação


 


A liderança sindical ainda afirmou que a avaliação é de que o movimento grevista se fortaleceu após o confronto desta quinta. “A notícia de hoje é que a paralisação se alastrou no estado e que a greve ganha força. Na reunião de hoje, as centrais pactuaram que farão todo esforço possível para pressionar o governador a abrir negociação com os policias. O governador precisa negociar, a greve é justa”, concluiu Wagner Gomes.


 


O secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse que na reunião foi decidido a entrega de um documento da categoria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá estar em São Paulo neste sábado (18). “Na reunião os servidores e associações da categoria decidiram entregar amanhã um documento ao presidente Lula ou a quem ele designar”, informou Juruna ao Vermelho.


 


Ele ainda comentou a acusação de Serra de que o movimento é partidário. “Todas as centrais reafirmaram que a direção do movimento grevista é legítima e independente, estando ligada à representatividade do movimento. O único objetivo é chegar às reivindicações do movimento. O episódio desta quinta só serve para fazer cair a máscara do governador, ele mostrou o quanto é intransigente”, disse. 


 


Juruna informou que o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT), deverá compor uma comissão para acompanhar o processo movido pelo Estado contra a greve e que corre em Brasília. “O governador precisa abrir negociação, já faz mais de trinta dias de greve, alguém que já passou pelo movimento social como o Serra não pode manter essa posição intransigente”, concluiu.


 


Paralisação nacional


 


O presidente do Sindicato dos Investigadores de São Paulo, João Rebouças, comentou na reunião a solidariedade nacional ao movimento. ''Policiais de vários estados telefonaram perplexos e se propuseram a fazer uma paralisação em repúdio ao governo (paulista)'', informou.


 


''Essa idéia partiu de policiais civis numa demonstração de solidariedade. O objetivo é demonstrar ao governo que tem que receber os policiais'', disse o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis no estado do Paraná, Paulo Roberto Martins.


 


Na presença de vereadores e líderes de centrais sindicais, os grevistas voltaram a criticar o governador por acusar a manifestação de ter sido político-eleitoral. ''Ninguém aqui está fazendo política e qualquer apoio à greve é bem-vindo'', disse Rebouças respondendo à acusação de que a passeata foi apoiada pelo Paulinho da Força e pela CUT.


 


Além da CTB e da Força, estiveram presentes na reunião a CUT, CGTB (Central Geral dos Trabalhadores), NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e UGT (União Geral dos Trabalhadores). 


 


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