RS e PE: tropa de choque tenta conter greve dos bancários

Os bancários gaúchos foram vítimas da ação violenta da Brigada Militar (BM) na manhã desta quinta-feira (16). Mais de 200 bancários que fecharam a agência central do Banrisul, em Porto Alegre, foram dispersados na base de cacetetes e muita violência. O pr

A greve nacional dos bancários reivindicam 5% de aumento real mais a inflação acumulada do período entre 1º de setembro de 2007 a 31 de agosto deste ano, que dá uma correção de 13,23%. Eles exigem também a implantação de um plano de cargos e salários único para todos os bancos e a melhoria e simplificação dos critérios de participação nos lucros e resultados.


 


Em nota, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre manifestou seu repúdio a ação violenta da BM: “é inacreditável, mas o Rio Grande do Sul voltou aos anos de chumbo. Assim como acontecia na época da ditadura, coibir manifestações legítimas de trabalhadores passou a ser uma das prioridades do comandante da BM, coronel Paulo Mendes, que já deixou claro: as barreiras da BM só serão desativadas quando não houver uma ação de movimentos sociais”.


 


O coronel Mendes tem sido símbolo maior da repressão aos movimentos sociais no Rio Grande desde a posse da governadora Yeda Crusius (PSDB). Entre suas ações violentas, esteve a repressão à manifestação realizada por professores no dia 23 de setembro em defesa do piso salarial nacional em frente ao Palácio Piratini. Na ocasião o coronel ordenou que cavalos avançassem sobre a manifestação enquanto ela acontecia de maneira pacífica.


 


“Em vez de perseguir cidadãos, que têm o direito constitucional de se manifestar, o papel da polícia é o de combater a violência e prender os bandidos. Enquanto se preocupa em agir de maneira truculenta para acabar com os movimentos sociais, os criminosos seguem soltos. Somente no setor bancário, foram registrados mais de 110 ataques contra agências e postos espalhados pelo estado em 2008. Perseguição se faz para prender assaltantes. E cadeia é para quem suga o povo”, protesta a nota do sindicato gaúcho. 


 


Conflito no Recife


 


A passeata dos bancários em Pernambuco começou por volta das 10h30 por ruas do Centro do Recife. Durante a concentração em frente ao Banco do Brasil da Avenida Rio Branco iniciou o conflito com a polícia. 


 


Segundo os grevistas, a polícia foi chamada por uma funcionária que queria entrar na agência e foi impedida pelo movimento, que tentava convencê-la a aderir à greve. De acordo com a bancária Cibele Chagas, os policiais usaram de força para reprimir os grevistas.


 


“Eles nos empurraram para tentar impedir que continuássemos o movimento. Disseram que estavam aqui para garantir a ordem pública, mas o direito de greve é garantido constitucionalmente”, argumentou Cibele.


 


“Nosso protesto foi pacífico e irreverente, alguns manifestantes usaram nariz de palhaço, pintura no rosto, camisa preta. Não vimos motivos para o uso da violência para com o movimento”, disse o secretário de Finanças do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Leonardo Espíndola. No início da passeata, foram distribuídos mais de 500 bolos de bacia a pessoas que passavam na região, representando denúncia pela falta de valorização dos bancários.


 


Mais de cinco mil agências paradas 


 


A greve nacional dos bancários completou nove dias nesta quinta, com mais de cinco mil agências paralisadas em todo o país. Todas as assembléias desta segunda-feira (13) dos 148 sindicatos representados pelo Comando Nacional mantiveram a greve até que a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresente uma proposta que contemple as reivindicações da categoria.


 


“A greve se ampliou esta semana, apesar da truculência das empresas, que aumentam os pedidos de interdito proibitório e as ameaças aos trabalhadores para impedir o direito constitucional de greve. Em contrapartida, vários sindicatos do país estão conseguindo derrubar os interditos proibitórios na Justiça”, divulgou em nota a Contraf/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).


 


Os bancários rejeitaram na semana passada proposta de reajuste de 7,5% apresentada pela Fenaban, por considerá-la insuficiente e não condizente com a alta rentabilidade do setor. Pela proposta, a PLR (participação nos lucros e resultados) seria inferior à paga no ano passado.


 


Os representantes dos bancários e Fenaban se reunirão nesta sexta-feira (17) para negociar o fim da greve, após a proposta de conciliação apresentada na terça (14) pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.


 


Embora a proposta do TRT envolva somente um dissídio entre a Fenaban e sindicatos de bancários de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, a reunião de sexta definirá o rumo da greve em todo o país, já que a negociação da categoria é unificada.


 


Segundo Wagner Freitas, presidente da Contraf/CUT, a expectativa é que os bancos levem para o encontro uma proposta mais favorável que a primeira apresentada no dia 24 de setembro e rejeitada pelos bancários.


 


As principais reivindicações dos bancários são:


 


– 5% de aumento real (a proposta da Fenaban é de apenas 0,35%).
– Valorização dos pisos salariais.
– Aumento do valor e simplificação da distribuição da PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
– Vale-refeição de R$ 17,50.
– Cesta-alimentação equivalente a um salário mínimo (R$ 415,00)
– Fim das metas abusivas e do assédio moral
– Mais segurança nas agências.
– Mais contratações.