Argentina tentará conter crise com pacote de obras públicas

O governo da Argentina prepara um ''agressivo'' e milionário plano de investimentos em obras públicas para resistir a possíveis efeitos adversos da crise financeira em sua economia, informa nesta segunda-feira (20) a imprensa local.

Segundo declarações publicadas hoje pelo jornal La Nación, o ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido, disse a empresários locais que o programa será ''muito agressivo'' e buscará ''reforçar o nível de atividade econômica e emprego''.



O plano significaria o pagamento de 1,5 bilhão a 3,5 bilhões de pesos (entre US$ 463 milhões e US$ 1,083 bilhão) e seria financiado com fundos do orçamento da Secretaria de Obras Públicas que seriam deslocados para projetos que requeiram maior mão-de-obra para incentivar o emprego.



Além destes investimentos, o governo prepara, através do Banco de la Nación Argentina, um plano de créditos para pequenas e médias empresas e produtores agropecuários de 1,2 bilhão de pesos (US$ 371,5 milhões) para projetos produtivos.



Por outro lado, o governo pediu que os empresários mantenham o nível de emprego, depois que o setor de fabricação de automóveis – que liderou a expansão industrial do país após a crise de 2002 – advertiu sobre possíveis demissões perante uma diminuição na atividade varejista derivada da crise financeira mundial.



Também por causa da crise, o governo já ditou medidas para proteger sua indústria da entrada de produtos importados a preços baixos, principalmente da Ásia, e relançará planos para compras públicas que favoreçam os artigos feitos no país.



Por isto, os industriais e exportadores continuam reivindicando do governo uma taxa de câmbio mais competitiva para seguir a tendência de desvalorização do real, mas as autoridades argentinas descartaram desvalorizações bruscas do peso por medo de pressões inflacionárias.



A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, destacou que, ''em momentos de grandes dificuldades internacionais e crise financeira global'', os argentinos devem ''unir esforços, juntar recursos materiais e intelectuais para ajudar a pensar e resolver os desafios enfrentados pelo crescimento'' do país.



Em uma coluna de opinião no jornal Notícias de la Costa, Cristina defendeu a ''importância da assinatura de convênios'' para sustentar a obra pública em um momento de ''mudança de paradigma'' e plena volatilidade financeira.



''O grande desafio é, portanto, dotar a estrutura econômica dos profissionais necessários para forjar um círculo virtuoso de maior indústria, melhor qualidade de emprego e inovação tecnológica'', escreveu.