SP: policiais em greve farão nova manifestação na quinta

Os policiais civis em greve há mais de 30 dias decidiram nesta segunda-feira (20) que vão fazer novas manifestações em todo o estado nesta quinta-feira (23). Na capital, a manifestação da categoria será em frente à Assembléia Legislativa do estado. Na reu

Na quinta da semana passada, polícias civis e militares se enfrentaram nas imediações do Palácio dos Bandeirantes, onde os grevistas fizeram uma passeata. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas.


 


Antes do confronto, cinco manifestações pacíficas já haviam acontecido. Os policiais civis dizem que as negociações não avançaram e não existe um interlocutor para negociar. No próximo dia 29, policiais civis de outros estados também prometem cruzar os braços por duas horas em apoio aos colegas paulistas.


 


O governador José Serra (PSDB) afirmou que a manifestação teve caráter político-eleitoral. Sindicalistas e diversas lideranças políticas do país, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticaram as declarações do governador e negam que o movimento seja “oportunismo eleitoral”.


 


A categoria tem 35 mil policiais no estado e pede 15% de reajuste salarial este ano, 12% no ano que vem e mais 12% em 2010. O governo oferece 6,2%, entre outros benefícios.


 


Greve continua


 


Na reunião, que durou desde as 10 horas até às 14 horas desta segunda, no Centro de São Paulo, as lideranças grevistas ratificaram a decisão de seguir com a greve por tempo indeterminado.


 


A posição foi confirmada pelo presidente da Associação dos Investigadores de Polícia, Vanderlei Bailoni. Segundo ele, nenhuma proposta foi documentada e apresentada. Foi eleita nesta segunda uma comissão que deve viajar à Brasília “para explicar a situação da polícia aqui em São Paulo para o Ministro da Justiça”.


 


Além do protesto desta quinta, outra manifestação ficou marcada para o dia 28 de outubro, às 14 horas, na Praça da Sé, no Centro da capital. Bailoni afirma que, assim como a passeata da última quinta (16), o movimento é pacífico. “Foi lamentável o que aconteceu. Eu levei minha mulher, meu filho para lá. Não teria levado se não fosse pacífico”, disse.


 


Clima de revolta


 


Ele afirma que a situação entre policiais civis e militares “ainda está difícil, mas vai voltar ao normal, porque não tem cabimento não trabalhar em acordo”. Ele classificou o momento como nebuloso. “O clima é de revolta e nós estamos torcendo para acabar esse impasse, restabelecer a ordem pública em São Paulo”, disse.


 


Ele descarta ainda o cunho político da greve. “Não é político porque a eleição é agora e nós estamos tentando dialogar há mais de um ano. Fizemos paralisações de 24, 48 horas e nunca nada foi apresentado”, disse Bailoni. Ele acredita que o confronto entre policiais civis e militares é parte de uma “articulação do governador, para prevenir uma união entre polícia civil e polícia militar”.


 


“Nós fazemos a greve, e não a CUT nem a Força Sindical. Não foi um movimento político. Elas contribuíram sim com estrutura, apoio, eles têm experiência, emprestaram carro de som”, diz ele, em resposta às afirmações de Serra.


 


Segundo o representante da Associação dos Delegados de São Paulo Renato Flor, a greve só deve terminar quando o governo apresentar uma proposta concreta. “Suspendemos a greve por 48 horas esperando que alguma proposta fosse apresentada, mas nada foi colocado do papel. O governador só fez promessas até agora”, desabafou.


 


Flor afirma que o que foi dito nas tentativas de negociação, “como os 6% do governador e até a possibilidade de uma aposentadoria especial levantada pela Secretaria de Gestão” não foi formalizado e, segundo ele, nenhum documento foi entregue. Procurados pelo G1, a Palácio do Governo e a Secretaria de Gestão Pública não haviam se pronunciado até as 16h35 desta segunda.


 


Reunião com Tarso


 


Nesta terça-feira (21), entidades sindicais que representam os policiais civis se reunirão com o ministro da Justiça, Tarso Genro, para discutir a greve. O encontro está marcado para as 11 horas e 30 minutos, no Ministério da Justiça, em Brasília. A informação foi divulgada pelo presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT) e pelo secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.



 
A categoria pede reajuste salarial de 15% para este ano, 12% de correção em 2009 e outros 12% em 2010. O governo do Estado propôs um reajuste único de 6,2%. Os representantes dos sindicatos da categoria voltam a se reunir no próximo dia 27, às 10h30, na Associação dos Investigadores para discutir o rumo da greve.


 


“Esperamos que alguém do governo nos chame em busca de uma possibilidade de uma proposta decente”, comentou uma das lideranças sindicais, o Leal, “estamos dispostos a negociar”, finaliza.