Sem acordo, greve dos bancários continua
Após adiamentos, bancos não apresentam nova proposta. Categoria realiza, hoje, passeata na Praça do Ferreira
Publicado 21/10/2008 10:33 | Editado 04/03/2020 16:36
Os bancários cearenses entram, hoje, no 14º dia de paralisação sem perspectiva de acordo com os bancos. Após uma série de adiamentos da rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na manhã e na tarde de ontem, a categoria decidiu, durante assembléia, manter a greve por ampla maioria de votos. E à noite, com o anúncio de que a Fenaban não havia apresentado nenhuma nova proposta, a expectativa é de que a paralisação continue até, no mínimo, amanhã.
‘‘Decidimos dar continuidade à paralisação diante da falta de proposta por parte da Fenaban. Estamos sentindo muita dificuldade em abrir um canal de negociação com os bancos por conta da demora, pois a próxima negociação nacional foi marcada para as 18 horas de amanhã [hoje], quando também ocorre grande parte das assembléias estaduais. E mesmo que seja apresentada uma nova proposta, a categoria só poderá decidir finalizar ou não a greve na próxima quarta-feira’’, explica o presidente do sindicato, Marcos Saraiva.
O Sindicato dos Bancários planeja, durante todo o dia, reforçar os piquetes em frente às agências bancárias oficiais como forma de fortalecer o movimento. Também está prevista uma manifestação da categoria a partir das 16h, saindo da Praça do Ferreira até a sede do sindicato, na Rua 24 de Maio.
Os bancários pedem 13,23% de aumento, sendo 7% equivalente à inflação entre agosto de 2007 e de 2008 e o restante de ganho real. Além disso, os bancários reivindicam auxílio-creche e vale-alimentação de R$ 415, além de vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Segundo dados do Sindicato dos Bancários do Ceará, 63,12% da categoria aderiu à greve, o que corresponde a 4.603 dos 7.292 funcionários de bancos. Das 417 agências existentes no Estado, 248 estão sem funcionar, o que corresponde a 59,47% do total. Apenas quatro agências funcionam parcialmente, enquanto as 165 restantes estão com atendimento normal.
A paralisação impede que operações como recebimento de contas, depósitos, abertura e fechamento de contas sejam realizados. Muitos clientes precisam recorrer a supermercados, farmácias e casas lotéricas para fazer o pagamento em dia. Mas de acordo com o advogado da Associação Cearense de Bancos (Abance), Lúcio Paiva, a principal preocupação é com a falta de depósitos bancários e a crescente demanda por saques, que podem ser realizados no caixa eletrônico, gerando prejuízos principalmente para os bancos públicos.
Lúcio Paiva espera que a situação seja resolvida antes que seja decretado dissídio coletivo e o Ministério Público do Trabalho (MPT) tenha que intervir para chegar a um acordo. ‘‘Há 20 anos o sistema bancário não sofre dissídio coletivo. Esperamos que haja bom senso entre as partes e em 48 horas se chegue a um acordo’’.