Crise: sexta-feira de cão, numa semana, mês e ano de cão

Por acaso, esta sexta-feira foi o dia do aniversário da “Quinta-feira Negra” de 24 de outubro de 1929, marco do início da Grande Depressão dos anos 30. O capitalismo, 79 anos depois e apesar dos fortíssimos remédios estatizantes aplicados no último mês ac

Os gráficos ao lado comparam, em escalas semelhantes, o comportamento das bolsas em 1929 (Nova York) e 2008 (nove das mais importantes do mundo). Note como os números do índice Dow Jones eram 200 vezes mais modestos que os atuais. Mas observe em especial como as curvas de 2008 se assemelham (exceto nos casos de Xangai e Hong-Kong, que mostram uma queda mais gradual embora de dimensões parecidas na somatória) e se precipitam, a partir de maio e sobretudo de setembro.
A sexta-feira teve início sob presságios tão funestos que a Bolsa de Nova York teve de assegurar aos investidores que iria realmente abrir o pregão. Cinco minutos depois da abertura, a queda já era de 5%. No Brasil o Ibovespa despencou 8% em 20 minutos. Em Moscou o pregão foi interrompido – mais uma vez – para evitar quedas ainda maiores.



Metástese para a “economia real”



A crise, que se instalou primeiramente no mercado imobiliário e de hipotecas dos Estados Unidos para depois avançar sobre o sistema financeiro americano e europeu, está agora em processo de metástese para a chamada economia real. Também aí as notícias da sexta-feira foram más. A metástese já é um fato.



A Grã-Bretanha anunciou que seu PIB (Produto Interno Bruto) caiu 0,5% no terceiro trimestre do ano – o primeiro recuo em 16 anos. A Islândia, antes vista como uma vitrine da ortodoxia liberal, pediu socorro ao FMI. Em Viena, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) anunciou um corte de 1,5 milhão de barris em sua produção diária, na tentativa de segurar a queda livre dos preços.



Na área dos eletrônicos, a Sony cortou sua previsão de dividendos e a Samsung teve uma séria queda no seu lucro. Na indústria automotiva, a Crysler anunciou a demissão de um em cada quatro trabalhadores. A montadora francesa PSA Peugeot Citroën, por exemplo, anunciou que prevê “imensos” cortes de produção em outubro-dezembro. Foi anunciada uma redução de 2,9% no tráfico aéreo mundial em setembro.



Da redação, com agências