EUA: favoritos só perderam duas eleições desde 1952
O senador John McCain garante que continua competitivo nos estados-chaves, mas a situação dele sugere que precisa de um milagre. Segundo a organização Gallup de pesquisa, tal milagre — o candidato inverter a tendência da votação popular a apenas uma se
Publicado 28/10/2008 17:34
Uma delas foi em 1980, quando o presidente Jimmy Carter, candidato à reeleição, estava na frente e acabou perdendo para Ronald Reagan. A outra foi em 2000, quando George W. Bush liderava e Al Gore ganhou — mas não levou, pois perdeu no Colégio Eleitoral, o resultado que realmente vale, passando por cima da votação popular em todo o país.
Os dois resultados foram, de certa forma, insólitos. Carter enfrentava o drama da tomada dos reféns americanos na embaixada dos EUA em Teerã. A falta de solução para a crise beneficiava Reagan — houve até a suspeita de que a campanha republicana tinha negociado secretamente com os aiatolás do Irã para que os reféns não fossem libertados antes da eleição. Reagan ganhou tanto na votação popular como no Colégio Eleitoral.
Improvável, mas não impossível
A eleição de 2000 também foi atípica, com as denúncias de fraude na apuração da Flórida. O democrata Al Gore, vice do então presidente Bill Clinton, ganhou na votação popular no país, enquanto a campanha democrata passava a contestar na Suprema Corte estadual o resultado oficial proclamado pela Flórida, governada então por Jeb Bush, irmão do candidato republicano.
Pelos números apresentados pela secretária de Estado Katherine Harris (que era ao mesmo tempo co-presidente da campanha de Bush), havia uma vantagem de 537 votos a favor do republicano. Como o tribunal estadual tinha mandado recontar os votos, a campanha republicana recorreu à Suprema Corte federal, que mandou parar aquela recontagem.
A anulação do que fora decidido pela Justiça estadual equivalia a dar a Bush a vitória no Colégio Eleitoral, graças aos 27 votos da Flórida. Assim, as duas situações, em 1980 e 2000, eram anormais. Claro que algo assim ainda pode acontecer de novo, mas é uma hipótese pouco provável. E não se pode perder de vista que o país já vive um momento excepcional. Tornou-se real, pela primeira vez na história, a chance de um negro chegar à Casa Branca.
Ampliando mais a vantagem
Na pesquisa Gallup de acompanhamento diário, Obama voltou a crescer 1 ponto percentual ontem, tanto na que abrange os eleitores registrados (ele subiu para 52%, contra 42%) como na ampliada que considera apenas os eleitores prováveis (passou para 53%, contra 43%). No modelo tradicional dos eleitores prováveis, os números são mais apertados mas a tendência prevalece: 50% contra 45%.
Tanto o modelo tradicional dos prováveis como o modelo ampliado foram desenvolvidos pela Gallup. O tradicional baseia-se nas intenções de voto do momento e considera o comportamento passado de votação. O ampliado considera apenas as intenções de voto do momento. Em alguns casos, o eleitor pretende votar mas acaba não votando, o que gerou os dois modelos.
Nas três hipóteses do acompanhamento diário da Gallup Obama está à frente todo o tempo, de 6 a 26 de outubro. A diferença é sempre maior quando são considerados apenas “eleitores registrados”. E sempre menor no modelo “eleitores prováveis (tradicional)”. Também nesse caso Obama está à frente no mesmo período, só que a vantagem diminui. Ela ficou mais estreita (49% a 47%) nos dias 15, 16 e 17. Depois disso, cresceu de novo e está entre 4 e 7 pontos percentuais.
Hora das últimas definições
A CNN, por sua vez, tem publicado uma pesquisa que é a média das outras. Ontem estava em 51% a 43% para Obama. O importante no mapa atual são os swing states, ora de um lado, ora do outro. Nele a Flórida aparece definida (vantagem de 7 pontos percentuais para Obama, 48% a 42%). Também definidos para Obama: Novo México (45% a 40%) e Colorado (52% a 42%). E não definidos, mas favorecendo Obama: Missouri (48% a 47%), Carolina do Norte (51% a 47%) e Dakota do Norte (45% a 43%).
Para a vice-governadora do Alasca, Sarah Palin, um novo desapontamento foi a decisão do maior jornal de seu estado, o Daily News de Anchorage, de apoiar a chapa liderada por Barack Obama. A mais recente onda de apoios para Obama incluiu ainda os três maiores e mais influentes jornais liberais do país, New York Times, Washington Post e o Los Angeles Times.
Segundo a revista Editor & Publisher, dedicada à cobertura da imprensa escrita, a nove dias da eleição Obama conta com o apoio de 194 jornais do país – contra apenas 82, que preferiram McCain. Tradicionalmente a maioria dos jornais americanos apoiava candidatos presidenciais republicanos. E há muito tempo não se via onda tão significativa como a atual em favor do candidato democrata.
Título do Vermelho