O 'vazio' da Bienal: a que serve um andar sem obras de arte?
A 28ª Bienal de São Paulo — já chamada de Bienal do Vazio —foi aberta oficialmente na capital paulista no sábado (25). O tom geral da cerimônia de abertura foi justamente o “vazio” proposto pela curadoria da atual bienal — um andar inteiro sem obras — par
Publicado 28/10/2008 20:46
“É a oportunidade de ocuparmos este vazio com a discussão do papel do Estado na cultura e da cultura como direito de todos”, defendeu Alfredo Manevy, secretário executivo do Ministério da Cultura (MinC).
Além dele, a abertura da Bienal contou com a presença do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Luiz Fernando de Almeida, e de representantes dos governos de Estados Unidos, Canadá, Chile, Itália, Alemanha, Argentina, Noruega e Letônia.
Manevy sugeriu que a atual crise econômica internacional seja posta como pano de fundo das discussões. “Até o mais ardoroso defensor do fim das políticas públicas e do fim do próprio Estado é chamado a perceber o fim de um ciclo. Por isso, o Estado volta ao primeiro plano.”
O secretario executivo do MinV também defendeu o fomento à cultura como um dos mecanismos de ascensão econômica e social do país. “Não teremos ciclo de desenvolvimento no Brasil se educação e cultura não estiverem na pauta.”
Manevy lembrou, ainda, que neste momento em que artistas brasileiros como Cildo Meireles ocupam locais de referência global da arte, como a Tate Gallery, em Londres, cresce o desafio para instituições como a Bienal acharem e ocuparem seu papel na discussão das questões políticas da arte.
Histórico da Bienal
A 28ª Bienal de São Paulo conta com o apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e fica aberta ao público no Parque Ibirapuera, zona sul da capital, de 26 de outubro a 6 de dezembro. Seu lema é “em vivo contato”.
Para os curadores Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen, longe de uma resposta, esta bandeira é uma estratégia de questionamentos ao público visitante, aos participantes (42 artistas convidados, de 22 países) e à própria cidade à qual o evento está ligado desde sua criação, em 1951, por Ciccillo Matarazzo. “Antes de ser uma crise institucional, há uma crise vocacional: a Bienal deve saber a que veio. Em 1951, isso estava claro. Hoje, não mais.”
O público é chamado a participar de várias formas, sejam sensoriais (escorregando no tubo que liga o terceiro piso ao solo), sejam artísticas (reelaboração de imagens fotográficas; discussões e adição de documentos e sugestões no portal do evento).
O portal na web da 28ª Bienal (http://bienalsaopaulo.globo.com/) permite ao público participar ativamente de debates através da adição de documentos e a definição de percursos e leituras individuais do evento. Além da programação completa da exposição, o site disponibilizará os registros em vídeo das conferências e um banco de dados com informações sobre os artistas participantes e seus projetos.