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Cientistas querem redução de 80% nas emissões de gases

O corte nas reduções de carbono em todo o planeta é urgente. E a adoção de políticas públicas de adaptação, enfrentamento e prevenção de problemas resultantes das novas condições climáticas é necessária. As recomendações foram feitas pelos cientistas m

Segundo Martin Parry, professor do Centro de Estudos Ambientais no Colégio Imperial de Londres e coordenador do Grupo de Trabalho do IPCC – que elaborou o relatório sobre impactos, adaptação e vulnerabilidades ao aquecimento global – a redução precisa ser de 80% das emissões de carbono até 2015: “Precisamos de uma redução drástica no nível de emissão de gases prejudiciais à camada de ozônio”, apontou Parry.



Ele afirmou que o Brasil deve assumir uma posição de liderança na Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas e defender o percentual de 80% como meta de redução da emissão de gases pelos países, inclusive os Estados Unidos e a China, até 2050.



O percentual a ser aprovado pela conferência – que será realizada em dezembro de 2009 em Copenhague, na Dinamarca – será adotado no novo acordo sobre emissão de gases que provocam o efeito estufa. Esse acordo substituirá o Protocolo de Kyoto a partir de 2012.



Na opinião de Parry, é necessário o estabelecimento da meta de 80% – e não a de 50%, como tem sido discutido por alguns países – para evitar os impactos mais prejudiciais ao ser humano, como a severa restrição de acesso à água.



Vida no futuro



Parry alertou ainda que, no pior cenário – o de aumento de 4 ºC da temperatura global -, 45% das espécies vegetais amazônicas não vão resistir e serão extintas. Haverá queda na produção de grãos e risco do aumento da desnutrição, doenças infecciosas e problemas cardiorrespiratórios.



O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), autor do requerimento para a audiência, demonstrou preocupação com a relação entre desenvolvimento e redução de emissão de gases. Parry destacou que os países devem começar a “desenvolver trilhas de desenvolvimento para garantir a vida no futuro”, como as matrizes energéticas limpas e renováveis.



Para o pesquisador brasileiro, Carlos Nobre, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil pode contribuir com essa meta ao acabar com os desmatamentos. “Hoje o desmatamento é responsável por 55% das nossas emissões de gases de efeito estufa”, disse Nobre.



De acordo com o pesquisador, a agricultura é a segunda maior atividade responsável pelas emissões de gases na atmosfera. Ela representa 25% dessas liberações. Os 20% restantes estão ligados ao tratamento de resíduos e a atividades nos setores de energia e indústria.



Ele alertou que, se nada for feito, o aquecimento global vai transformar boa parte da Amazônia em savanas, que as áreas secas do país ficarão ainda mais secas, com desertificação no Nordeste, e as chuvas serão mais concentradas e muito mais fortes.



De Brasília
Com Agência Senado