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Em visita a Cuba, Lula faz gesto político de apoio a Raúl

Na visita que inicia hoje a Havana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai reiterar o desejo de que o Brasil aumente sua presença em Cuba. O gesto de caráter político será alavancado por duas medidas práticas: a abertura de escritório da Apex (Agên

As iniciativas fazem parte do “pacote” negociado em janeiro, que incluiu o aumento da linha de crédito do BNDES para Cuba comprar alimentos. Em junho, o chanceler Celso Amorim lançou o lema “Brasil parceiro número 1” da ilha, posto ocupado pela Venezuela.



No Planalto, a percepção é que os anúncios ajudarão o governo de Raúl Castro, que enfrenta a pior crise desde que substituiu oficialmente seu irmão Fidel na Presidência em fevereiro. A crise agravou-se com a passagem de dois furacões que causaram enormes prejuízos à ilha.



O anúncio publicado pela imprensa local assinalou que Lula pretende “manifestar a solidariedade brasileira ao povo e governo de Cuba, após os danos causados pelos furacões Gustav e Ike”. Essas tempestades tropicais causaram prejuízos de US$ 5 bilhões, de acordo com os números oficiais “preliminares”.



O convênio de prospecção de petróleo significa o retorno oficial da Petrobras a Cuba, onde já realizou trabalhos semelhantes, sem resultado. Havana anunciou neste mês que tem reservas equivalentes a 20 bilhões de barris para exploração “offshore” –a cifra é questionada por especialistas.



Já a abertura de escritório da Apex, o primeiro do gênero em Cuba, reforça o aspecto político das iniciativas. Relatório da agência sobre oportunidades em Cuba pondera sobre a “centralização das compras pelo Estado” e “as dificuldades logísticas” da ilha, muitas conseqüências do embargo econômico mantido pelos EUA.



Lula será recebido oficialmente pelo presidente de Cuba, Raúl Castro, informou o Granma, o jornal do Partido Comunista cubano. Durante sua visita a Havana, que deve durar cerca de 24 horas, o presidente brasileiro será guiado por regiões da cidade que foram afetadas pelos últimos furacões.



O governo brasileiro enviou um avião ao país com cerca de 14 toneladas de alimentos e existe a possibilidade de que uma nova contribuição seja anunciada durante a visita de Lula à Cuba.



Até o início da noite desta quinta-feira, o Itamaraty não havia confirmado se Lula visitaria o ex-presidente cubano Fidel Castro, mas se depender apenas da vontade do presidente brasileiro, é bem provável que a visita aconteça, ainda que fora da agenda oficial, já que Lula e Fidel mantém um laço de amizade antigo e que transcende as relações diplomáticas dos dois países.



Mercado estratégico



O presidente da Apex, Alessandro Teixeira, diz que a ilha “é um mercado estratégico” e que a decisão de abrir o escritório “não é emotiva”. Cita números: as exportações brasileiras de janeiro a agosto de 2008 tiveram alta de 74% em relação ao mesmo período de 2007.



Para chegar a esta conclusão foi elaborado um estudo pela Apex-Brasil que destaca como fator de incremento de negócios entre os dois países o crescimento do PIB cubano, que em 2007 foi de 7,3%. Além disso, o documento ressalta o acordo ACE-62, firmado entre Cuba e o Mercosul, que prevê redução gradual de tarifas entre os países.



O estudo destaca Cuba como um mercado em expansão neste momento. Após a grave crise causada pelo fim do bloco socialista no início da década de 90, a economia cubana vem apresentando nos últimos anos taxas de crescimento elevadas. Um dos fatores que contribuem para estas altas taxas de crescimento é o direcionamento da economia cubana para o setor de serviços.



Segundo o documento, dentre o setor de serviços, os segmentos mais representativos em Cuba são o turismo e a saúde. O fluxo de turistas estrangeiros no país cresce ano a ano, chegando a aproximadamente 2 milhões de visitantes em 2006 e 2007. O comércio para turistas é um dos mais importantes nichos de mercado em Cuba, traduzindo-se em compras internacionais de produtos com alto valor agregado e preços bastante atraentes.



Com relação à saúde, esta é uma das áreas com maior fluxo de investimentos por parte do Governo cubano. Está voltada tanto para o atendimento da população cubana como para o chamado “turismo de saúde”, que vem sendo uma das vedetes do crescimento econômico de Cuba. Ainda na área da saúde, a exportação de serviços médicos para países em desenvolvimento da América Central, Caribe e África é também uma grande fonte de divisas para Cuba.



Criados em 2005 e após passar por reformulações, os Centros de Negócios são unidades da Apex-Brasil no exterior que promovem a internacionalização das empresas brasileiras, auxiliando desde a prospecção de mercado até a distribuição de seus produtos. “Não atuaremos apenas como distribuidores e armazenadores de mercadorias. Com a reformulação, seremos mais ativos na entrada dos produtos brasileiros no mercado internacional”, explica Teixeira.



Da redação,
com agências