Luiz Weis: Votos, números e baionetas
Como é que se mede o desempenho dos partidos nas eleições para o governo de mais de 5.500 municípios? Há formas diversas de se contabilizar os resultados, dependendo de quem se quer favorecer. Já dizia Bismarck que os números são como as baionetas: pod
Publicado 30/10/2008 17:40
Como é que se mede o desempenho dos partidos nas eleições para o governo de mais de 5.500 municípios?
Pelo critério mais óbvio, o do total de vitórias, o PMDB levou a palma, ao fazer 1.203 prefeitos. O PSDB ficou em segundo lugar, com 786 municípios. E o PT em terceiro, com 559.
O PMDB levou a palma também em votos recebidos: 18,4 milhões. O PT, segundo colocado, teve 16,5 milhões. O PSDB, 14,4 milhões.
Mas, sendo o que são as diferenças de população entre os municípios brasileiros, talvez fosse mais relevante considerar apenas os do chamado G-79 (as 26 capitais e as 53 cidades de 200 mil eleitores para cima, aquelas em que pode haver segundo turno). Nesse caso, o PT lidera, com 21 vitórias, seguido pelo PMDB (17) e o PSDB (13).
Outra resposta ainda vem da comparação dos resultados, em cada caso, com os da eleição anterior. De 2004 para cá, o PT ganhou 148 prefeituras. Cresceu, portanto, robustos 36%. O PMDB, 13,8%. Já o PSDB encolheu 20,6%, e o DEM (ex-PFL) 51%.
A esses cálculos, amplamente divulgados pela mídia, o Globo acrescentou na edição da quarta-feira (29/10) a modalidade chamada “taxa de sucesso”, que seria a mais reveladora. Trata-se da proporção de prefeitos eleitos sobre o total de candidatos.
Por esse critério, o PMDB e o PSDB foram os grandes vencedores – elegeram 47% e 46% dos respectivos candidatos. E o PT só elegeu 34%, o índice mais baixo entre as principais legendas.
O problema com a “taxa de sucesso” é que, embora proporcional, ela só seria um termômetro perfeito se todos os partidos lançassem candidatos em todos os municípios. Como isso não se coloca, numa situação-limite, só para raciocinar, o partido absolutamente vitorioso, com 100% de sucesso, seria aquele que lançasse um único candidato a prefeito – e ele se elegesse.
Outro argumento é que, em eleições competitivas num país heterogêneo como o Brasil, quanto maior o número de candidatos de um partido, menor, provavelmente, a sua proporção de vitoriosos. Um partido pode apresentar candidatos em pencas de municípios apenas para se fazer presente, sabendo que perderá em muitos deles.
Já dizia Bismarck que os números são como as baionetas: pode-se fazer tudo com elas, menos sentar em cima. O leitor devia saber disso.
Fonte: Blog Verbo Solto