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6 bandeiras unem movimentos no Dia da Consciência Negra

Em entrevista ao Vermelho, o coordenador nacional da Unegro (União dos Negros pela Igualdade), Edson França, fala da unidade sobre seis bandeiras no Dia da Consciência Negra. Ele também comenta a amplitude das marchas de 2008: “O 20 de

– Veja a programação das marchas ao final da matéria.


 


A aprovação do projeto da redução da jornada de trabalho pelo Congresso Nacional e a luta contra a terceirização e precarização do trabalho são duas das seis bandeiras que permearão as atividades do movimento negro em todo país.


 


A proximidade com as tradicionais bandeiras do movimento sindical não é mera coincidência. “Sempre buscamos aliar as lutas gerais dos trabalhadores com as bandeiras específicas do movimento negro. O diferencial é que este ano as marchas contarão com maior participação dos trabalhadores”, enfatiza Edson. Entre as centrais que estarão nas marchas, Edson destaca a participação da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).


 


Além delas, o combate ao extermínio da juventude negra, a defesa do Decreto 4.887 de 2003 – que possibilita a titulação de terras pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) às comunidades quilombolas – a luta contra a intolerância religiosa e, principalmente, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial são as outras quatro reivindicações que as marchas levarão para as ruas neste dia 20.


 


“Apesar de muitos governos tratarem o dia 20 com ‘espetacularização’ – como o governo tucano de José Serra que fará um show nesta quinta – nós pensamos que o 20 de novembro deve ser tratado como um dia de luta e homenagem à Zumbi dos Palmares. Com ou sem feriado, não é um dia para se ficar em casa de braços cruzados. Vamos às ruas por estas seis bandeiras nesta quinta em várias cidades do país”, convoca Edson.


 


A jornada e a precarização do trabalho


 


“Queremos a redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, e o fim da precarização do trabalho porque entendemos que as populações vítimas da pobreza e do racismo são os principais alvos da exploração. Isso é algo que sempre soubemos, mas que só agora o Brasil reconhece com a divulgação de inúmeras pesquisas. Veja, antes o Estado dizia que o Brasil era o país da democracia racial, etc, mas agora, com todos esses dados, ele passa a reconhecer a existência do racismo”, agrega Edson.


 


Segundo dados divulgados nesta quarta (18) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), baseados na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) em cinco regiões metropolitanas – Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e no Distrito Federal – o desemprego entre negros é maior e salário é mais baixo.


 


Somente na região metropolitana de São Paulo, a pesquisa indicou que de 1998 para 2007 o mercado de trabalho encolheu para os afro-descendentes nos 39 municípios. De acordo com o levantamento, em 1998 o total de negros desempregados era 40,8%. Em 2007, o índice pulou para 42,9%. Os dados indicam ainda que ''um terço da População Economicamente Ativa eram negros em relação aos não-negros, que representam 64% destes contingentes”.


 


Juventude e comunidades quilombolas


 


“A juventude negra vem sofrendo muito com a violência, seja pelo genocídio praticado pela polícia do Estado, seja pela criminalidade e o crack. A violência não pode ser bandeira do demagogo que pede redução da idade penal, morte e cadeia. A juventude negra também tem o direito de viver. Todos temos. Vamos participar da Conferência Pública de Segurança do ano que vem levantando com força essa bandeira e denunciando a sociedade de bárbaros e facínoras em que vivemos”, disse a liderança.


 


Sobre o Decreto 4.887, Edson afirma que o agronegócio elegeu como seu inimigo as comunidades quilombolas. “O agronegócio parece que vai ganhar esse round, mas não vai ganhar a guerra porque as comunidades sempre resistirão. A terra é a alma do conservadorismo no Brasil, mas vamos continuar lutando por uma distribuição mais justa”, afirma ao Vermelho.


 



Ele também comemorou a recente conquista da titulação de terras ao Quilombo de Alcântara (MA). “Esse é o lado democrático do governo Lula que procurou conciliar o interesse do Estado com o da comunidade quilombola, uma saída que todos festejam”, exemplifica.


 


Religião e Estatuto da Igualdade


 


Sobre as religiões de matriz africana, Edson fala do perigo à democracia. “O Estado ainda continua leniente com a intolerância religiosa. Tem gente que vai em terreiro e joga sal, agride pai e mãe de santo, as crianças são discriminadas nas escolas, a mídia constantemente ataca a fé do outro”, denuncia.


 


“Isso é inconstitucional, uma quebra do Estado de Direito e os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), não tem observado isso. Esse problema é um perigo, um barril de pólvora que uma faísca pode fazer explodir a qualquer hora. È uma bandeira tradicional do movimento negro e precisamos superar esses absurdos”, alerta. 


 


Por esses e outros motivos, Edson destaca a importância nas marchas da luta pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial em discussão no Congresso Nacional. “Nós queremos que o Estado brasileiro se comprometa, e não apenas um ou outro governo de acordo com a sua convicção, com a luta contra a desigualdade. O Estado sempre operou para que ela existisse, nada mais justo do que agora ele operar no sentido contrário”, defende.      


 


– Veja abaixo a programação das cinco cidades para esta quinta, 20 de novembro.


 


Porto Alegre (RS)


– 13h às 16h: 1º Encontro estadual das comunidades quilombolas urbanas e rurais: resistência e estratégias contra o racismo
Local: Galpão Crioulo, Parque da Harmonia   


 


– 18h: 2º Marcha Estadual Zumbi dos Palmares
Local: Concentração no Largo Glênio Peres. Passeata seguirá a Borges de Medeiros e terminará no largo Zumbi dos Palmares.


 


São Paulo (SP)


– 10h: Início das atividades culturais.
Local: Vão livre do Masp – Avenida Paulista


 


– 13h: Ato político da 5º Marcha da Consciência Negra
Local: Vão livre do Masp – Avenida Paulista


 


– 14h: saída da 5º Marcha da Consciência Negra do vão livre do Masp, A passeata passara pela Avenida Consolação e terminará em frente ao Teatro Municipal, na República.


 


Belo Horizonte (MG)


– 13h: reunião especial sobre o racismo do Conselho Municipal de Saúde com atividades culturais e a presença de secretários municipais.
Local: Secretaria Municipal de Saúde


 


– 14h: Início das atividades culturais, com corte gratuito de cabelo.
Local: Praça Sete.


 


– 17h: Ato público da Marcha da Consciência Negra. Ao final serão oferecidas ao público comidas típicas africanas e um show de tambores.


 


Salvador (BA)


– 16h: 29ª Marcha Zumbi dos Palmares.
Local: A caminhada sairá do Campo Grande, às 16h, com destino à praça Castro Alves. No percurso, protestos contra a intolerância religiosa e homenagens às personalidades afro-descendentes de destaque na Bahia.


 


Olinda (PE)


 


15h: 3º Marcha pela Libertação do Povo Negro
Local: Praça 12 de Março. A passeata seguirá pela Rua do sol, passará pela prefeitura e terminará no Mercado do Ribeiro.


 


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