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Para o PC dos EUA, eleição de Obama marca ''virada estratégica''

A eleição de Barack Obama ''marca um ponto de virada estratégica'', opinou Libero Della Piana, presidente do Partido Comunista dos Estados Unidos em Nova York e membro do Comitê Nacional desse partido, no Encontro dos PCs que começou nesta sexta-feira (21

''A crise não é o único elemento histórico deste momento político. O resultado de nossa recente eleição presidencial é um repúdio à política da administração de George W. Bush. Reflete uma virada política do povo dos EUA em uma direção progressista. Representa uma histórica derrota da ideologia e das instituições do racismo, que tem sido o principal instrumento de divisão da classe trabalhadora dos EUA através da nossa história, desde a escravidão. É a culminação da maior mobilização política das forças do trabalho na história dos EUA.  Para o povo americano, esta eleição encerrará o pesadelo de oito anos de extremismo antidemocrático da administração Bush. Abrirá as portas para a recuperação de muitas vitórias duramente alcançadas pela classe trabalhadora, nas épocas do New Deal, dos Direitos Civis, etc. A luta continua, mas continua em um patamar mais elevado. 


 


O Caminho para o Socialismo – programa do Partido Comunista dos EUA  –, identifica como desafio estratégico da classe trabalhadora e do povo derrotar o segmento mais reacionário e ultradireitista das corporações transnacionais, que dominou a vida política americana durante três décadas. O programa afirma: ''Um derradeiro e grande golpe na ultra-direita, vibrado por uma frente de todo o povo, representará uma mudança qualitativa na correlação de forças interna''. 


 


Acreditamos que esta eleição marca um ponto de virada nessa luta estratégica, e que iniciamos uma transição para um novo período estratégico, o da restrição dos monopólios como um todo. Neste período de transição objetivamos abrir as possibilidades para novas lutas e demandas de caráter antimonopolista e a possibilidade de estabelecer políticas que restrinjam severamente o poder dos monopólios como um todo, tais como a nacionalização dos bancos ou da indústria automobilística, o estabelecimento de um sistema nacional de saúde, manter o dinheiro grosso fora da política e assim por diante. 


 


A despeito das distorções da mídia e das mentiras da direita, os eleitores do país, de todas as cores e raças, votaram em Obama. Como descendente de escravos, eu não posso dizer que pensava assistir pessoalmente um negro ser eleito para a Casa Branca. A própria Casa Branca, residência dos presidentes dos EUA, foi construída com trabalho escravo.  Esta eleição mostra que a longamente acalentada crença de nosso partido, em uma crescente maioria anti-racista, provou ser uma verdade. Ela representa um momento de derrota dos fundamentos da ideologia racista – os conceitos da supremacia dos brancos e da inferioridade dos negros.  Por certo, a vitória de Obama não representa uma mudança revolucionária ou uma revolução socialista. Os únicos que o proclamaram eram os deslavados ideólogos da ultradireita e os comentaristas da Fox News, que também insistiam que Obama era muçulmano. Mas ela representa uma decisiva vitória para o povo dos EUA e os povos do mundo. Muda a arena da luta em uma direção favorável; cria aberturas para os movimentos populares afirmarem sua agenda e alcançarem vitórias.''   Legenda: Della Piana: ''Eu não pensava assistir''.


 


Foto: Mauricio Morais


 


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