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Le Monde: Crise leva até Elizabeth 2ª a apertar os cintos

Os cronistas reais perderam sua fleuma. A crise e a recessão obrigaram a rainha da Inglaterra Elizabeth 2ª a apertar o cinto. Em visita a Oxford, na quarta-feira 27 de novembro, a soberana estava com o mesmo casaco vermelho que havia usado numa cerimônia

Os membros da família real foram convocados a seguir seu exemplo. Seu marido, o duque de Edimburgo, mandou reajustar um par de calças de 1957. As saídas noturnas muito divulgadas dos príncipes William e Harry ficaram mais raras. “A situação econômica é terrível”: Sua Majestade, que nunca comenta assuntos da atualidade, saiu de sua reserva durante uma cerimônia na London School of Economics ao perguntar aos seus anfitriões “por que ninguém se deu conta?”



A rainha, que não tem cheque nem cartão de crédito, ignora o dinheiro e nunca tem nenhum tostão com ela. Como soberana, Elizabeth 2ª recebe a “lista civil”, concedida pelo Estado todo ano para cobrir as despesas de sua função. Longe de ser subestimada, sua fortuna pessoal está estimada em 320 milhões de libras, de acordo com a lista das das personalidades mais ricas do reino do jornal Sunday Times em 2008. Ela está na 264ª posição. Vivendo de renda, a rainha tem com o que se preocupar. A parte mais importante do patrimônio real é constituída por investimentos financeiros. A queda da bolsa reduziu fortemente o valor de sua carteira, composto de ações e obrigações do tesouro britânico.



Elizabeth 2ª possui, em seu nome, os benefícios do ducado de Lancaster. Mas os lucros desse empreendimento, encarregado de fornecer à chefe de Estado um salário independente, foram golpeados em cheio pela crise imobiliária. Tendo em vista o desmoronamento das vendas em leilão, é impossível para ela usar jóias, quadros ou cavalos puro-sangue para reerguer o caixa dos Windsor.



Por fim, os “arrière-pensées politiques” não estão livres dessa cura austera. O lançamento do livro “Living off the State” [“Vivendo às Custas do Estado”], de Jon Temple, bastante crítico sobre a falta de transparência das finanças da soberana, envergonha o palácio. O autor afirma, baseado em números, que a “firma real” tem a tendência de confundir os bens do Estado com os interesses privados de seus membros.



Fonte: Le Monde