Estado é fundamental para combater o crime, defende Lula

Em seu programa semanal de rádio, Lula admitiu que a medida representa “um desafio extraordinário”, uma vez que não adianta dizer apenas que é preciso “colocar polícia” nas comunidades.

Leia abaixo a íntegra do programa desta segunda-feira:

Olá você em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e nós estamos começando o programa de rádio do presidente Lula, o Café com o Presidente. Olá, presidente, como vai, tudo bem?
Tudo bem, Luciano.

Presidente, semana passada o senhor teve três temas muito importantes na sua agenda: o Luz para Todos, o plano sobre mudanças climáticas e o lançamento do programa Territórios de Paz. Nós vamos falar sobre os três aqui no programa. Mas vamos começar pelo Luz para Todos, já que na semana passada o senhor esteve em Pernambuco, onde foi feito o anúncio de que o estado superou a meta no número de ligações no programa Luz Para Todos. Aliás, em outros 11 estados a meta também foi superada. O que significa isso?
Luciano, significa que foi extremamente importante que em Pernambuco nós assumimos um compromisso de que, ao determinarmos que nós tínhamos atingido a meta, nós demos um prazo até março de 2009. Todas as pessoas que não tiverem luz que entrem em contato com o governo estadual, municipal ou federal, que até março o governo federal assume a responsabilidade de fazer as ligações. A partir de março, a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] assumiu o compromisso de que as empresas prestadoras do serviço nos estados vão cumprir essas metas. É muito importante porque o Luz Para Todos significa desenvolvimento, significa levar as pessoas que moravam no século 18 para o século 21 num passe de mágica. As pessoas podem comprar uma geladeira, podem comprar uma televisão, podem comprar uma casa de fazer farinha, podem comprar uma máquina para fazer ração animal. Ou seja, as pessoas dão um salto de qualidade. Só para que os nossos ouvintes tenham noção do que significa isso, nesses quatro anos que nós trabalhamos até agora, significa que foram utilizados, pelo sistema do Luz para Todos, 790 mil quilômetros de fios elétricos. Quatro milhões de postes. É um número extraordinariamente grande. O governo faz isso de graça, mas nós vamos continuar fazendo porque entendemos que isso é uma conquista de cidadania pela parte mais pobre do Brasil que mora nos lugares mais distantes.

O senhor falou em compromisso. Um outro compromisso do governo é o plano sobre mudanças climáticas. O Brasil agora tem um plano sobre essas mudanças. O que significa isso, presidente?
Que nós estamos assumindo um compromisso muito sério, que eu penso que nenhum país do mundo assumiu. Vamos pegar, por exemplo, os países ricos do mundo, que são os maiores emissores de gases de efeito estufa e que assinaram o protocolo de Kyoto e que até agora não cumpriram o protocolo de Kyoto. Ou seja, o nosso plano tem como objetivo fazer com que haja uma redução progressiva do desmatamento da Amazônia nos próximos dez anos. Já que o desmatamento é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa no Brasil, nós queremos reduzir o desmatamento. Para isso nós fizemos um plano, assumimos o compromisso. Qual é o nosso compromisso? É de reduzir em 40% o desmatamento no nosso país nos próximos anos. Esse é um compromisso público. Para isso nós vamos ter policiais para tomar conta da Amazônia. Para isso nós vamos chamar os prefeitos e os governadores dos estados junto com o governo federal, porque também não é possível a gente controlar tudo a partir de Brasília. E nós queremos fazer esse debate sobre a questão climática com o mundo dando exemplo daquilo que o Brasil sabe fazer, pode fazer e está fazendo. Por isso eu acho que o Brasil se apresenta hoje no mundo como um dos países que têm competência, mais compromisso para diminuir o desmatamento na nossa Amazônia.

O terceiro tema do programa de hoje, presidente, é o Territórios de Paz. O senhor lançou na semana passada este programa em Recife e no Rio de Janeiro. De que forma o Territórios de Paz vai atender a comunidade?
Olha, esse é um programa que tem me deixado extremamente feliz e otimista. O programa Territórios de Paz envolve políticas públicas de vários ministérios, ou seja, é um exemplo que me deixa orgulhoso. Por quê? Porque eu acredito que a única forma e a mais eficaz forma que nós temos para evitar que um jovem caia na criminalidade e se transforme num marginal é a presença do Estado lá dentro, nas  três esferas: o governo federal, o governo estadual e o governo municipal com políticas públicas que possam dizer para o jovem que há uma esperança. Basta ele acreditar e o governo cumprir com as suas obrigações que a gente pode tranqüilamente conquistar este jovem que está no fio da navalha entre a criminalidade e a cidadania plena, civilizada, harmônica com a sua família. Ou seja, este é um desafio extraordinário porque não adianta dizer que é preciso colocar polícia. Polícia é importante, mas é preciso que a gente organize a sociedade, é preciso que dê força à juventude, que dê força às mães, que dê força aos pais, mas sobretudo que nós levemos para lá esporte, lazer, cultura, formação profissional e trabalho, porque é isso que vai ganhar do crime organizado. É isso que vai fazer com que a juventude acredite piamente na figura do Estado. E por isso eu fiquei muito feliz em Santo Amaro, fiquei muito feliz no Complexo do Alemão, conversei com muitas mães, conversei com muitos jovens e  eu acho que nós estamos no caminho certo.

Muito obrigado, presidente Lula. Até a semana que vem.
Obrigado a você, Luciano, e até a próxima semana.

Fonte: Agência Brasil