Nova direção do sindicato dos metalúrgicos toma posse em Caxias do Sul
Cerca de 900 pessoas, entre trabalhadores, autoridades e convidados, participaram neste sábado (6), da solenidade de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região para o próximo triênio (2009-2011). Após o ato político
Publicado 08/12/2008 12:56 | Editado 04/03/2020 17:11
O Sindicato, que é filiado à CTB, deverá dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado desde final dos anos 80 pelos comunistas que dirigem a entidade. Assis Melo, que neste ano elegeu-se como o vereador mais votado da história de Caxias do Sul (pelo PCdoB), vai para o terceiro mandato à frente da entidade. Melo é funcionário da Marcopolo há 21 anos.
A nova direção foi eleita nos dias 02,03 e 04 de abril em eleição com chapa única. Recebeu 96,37% dos votos válidos. O lema da nova direção é ''sindicato para novas conquistas''. Na plataforma conta a continuidade de lutas importantes para os trabalhadores neste momento, tais como a redução da jornada sem redução dos salários, as reformas democráticas para o país, contra o Fator Previdenciário e, em especial, o enfrentamento dos efeitos da crise economica mundial no Brasil e na região. Sobre este tema, muitos dos convidados opinaram, ao fazerem uso da palavra. O presidente reeleito, Assis Melo, resumiu a opinião do Sindicato sobre o assunto: ''Os trabalhadores não podem pagar esta conta. A crise não se combate com desemprego, mas com a promoção do desenvolvimento, valorização do trabalho e da produção – ou seja – é hora de defender o emprego''.
O presidente da CTB RS e presidente da Fecosul, Guiomar Vidor, saudou a nova direção eleita e a história de lutas do Sindicato e ressaltou a importância da unidade dos trabalhadores para superar a atual crise financeira. ''Eles querem que nós paguemos a conta de mais um fracasso do sistema capitalista. Não podemos nos curvar diante deles. Os trabalhadores não podem ser responsabilizados. A CTB vai estar ao lado dos metalúrgicos de Caxias do Sul e de toda a classe trabalhadora em mais esta batalha'', completou o dirigente sindical.
Já o secretário geral da CTB nacional, Pascoal Carneiro, destacou a liderança exercida por Assis Melo e a contribuição do Sindicato à luta dos trabalhadores no país. “Este Sindicato e esta direção que tomam posse hoje devem ser considerados como exemplos pelos sindicalistas do restante do país”, afirmou.
75 anos: a classe fazendo história
Toda a decoração do ambiente teve como motivo os 75 anos da entidade. Além disso, foi exibido vídeo contando um pouco da história da luta operária e dos metalúrgicos de Caxias do Sul e da região. Melo, no discurso de posse (leia abaixo) fez referência aos 75 anos em diversos momentos – como um legado que precisa ser levado adiante.
Direção executiva
A nova direção é composta por 124 membros, sendo que 15 fazem parte da diretoria executiva nos seguintes departamentos: Presidente Assis Melo, Vice-presidente, Leandro Clodoveu Velho, Secretário Geral, Jorge Antônio Rodrigues, Primeiro Secretário, Renato José Ferreira de Oliveira, Tesoureiro Geral, Werner Diehl, Primeiro Tesoureiro, João Cléber Lima Soares, Diretor de Formação, Antônio Carlos Silveira dos Santos, Diretora do Departamento Feminino, Eremi Melo, Diretor de Imprensa, Alberto do Nascimento Gonçalves, Diretor do Departamento Intersindical, João Maria Rodrigues dos Santos, Diretora do Departamento de Saúde, Jusmari Borges dos Santos, Diretor do Departamento de Esportes, Carlos André Nora, Diretor do Departamento de Patrimônio, Paulo César Bitencourt de Almeida, Diretor do Departamento de Automação, Leomar da Silva, Diretor do Departamento Jurídico, Luis Carlos de Oliveira Ferreira.
Convidados especiais
A mesa principal que dirigiu a solenidade de posse, além do anfitrião, Assis Melo, contou com as presenças de Joaquim Boeira de Lemos, representante dos Aposentados do Sindicato, da vice-presidente do Partido dos Trabalhadores de Caxias do Sul, Slivana Pirolli, do presidente estadual do Partido Comunista do Brasil, Adalberto Frasson que também representou a Deputada Federal, Manuela D’ Ávila, do PCdoB, do vereador reeleito pelo PCdoB, em Caxias do Sul, Renato Oliveira, do secretário geral da CTB- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Pascoal Carneiro, da Deputada Estadual do Partido dos Trabalhadores do RS, Marisa Formolo, do vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Betim/MG, João Alves, da presidente do Sindicato dos Comerciários de Ijui e vereadora eleita pelo PCdoB, Rosane Simon, do diretor presidente da Codeca – Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul, Adiló Didomêmico, representando o Prefeito Municipal de Caxias do Sul, do presidente da Câmara dos vereadores de Caxias do Sul, o vereador, Édio Elí Frizzo, do vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul, Leandro Velho, do presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS, Milton Viário e da Diretora do Departamento Feminino do Sindicato, Eremi Melo.
Caxias é o maior pólo metal-mecânico do RS. Tem cerca de 2 mil indústrias e mais de 40 mil trabalhadores metalúrgicos.
Logo após a cerimônia de posse, que durou cerca de duas horas, foi servido o jantar. Em seguida houve baile com animação do grupo ''Os Quatros Gaudérios''. Por um momento, a festa foi interrompida e os convidados cataram parabéns ao Sindicato.
Veja o discurso de posse feito por Assis Melo:
Inicialmente, quero fazer um agradecimento, a presença de todos e todas que estão aqui, para compartilhar conosco este momento tão importante para a nossa entidade. Quero saudar também todas as autoridades, lideranças do movimento social e sindical, e os nossos amigos e amigas da imprensa. saudar também os nossos funcionários, que constróem o dia a dia da nossa entidade, e uma saudação especial às metalúrgicas e aos metalúrgicos que aqui se fazem presentes.
Este é um momento muito importante, como falei no início, porque assume aqui a direção que tem a responsabilidade de continuar e ampliar o trabalho exitoso que o sindicato tem realizado. Nestes próximos três anos, que faça avançar cada vez mais as conquistas e os direitos da nossa categoria, e que contribua, de maneira cada vez mais decidida, com a ampliação e a elevação da consciência dos trabalhadores.
Compromisso também em honrar estes 75 anos de história do sindicato dos metalúrgicos. Uma história marcada por muitas lutas e que nos deixa um grande ensinamento: o de que é através da união e mobilização que avançamos, que obtemos novas conquistas. A história do sindicato é uma história de superação de adversidades. É uma história vitoriosa. Esta história é um patrimônio de todos os trabalhadores. Ela é viva – e está acontecendo agora – assim como os que já passaram deixaram um legado pra nós – nós estamos honrando esta história e também estamos construindo um legado, que mira no futuro o nosso caminho. porque os trabalhadores têm um horizonte largo e sabemos que o futuro da sociedade é nosso, está em nossas mãos transformar o que está aí. Encaminhar a superação e a transição deste modelo opressor para um novo modelo de sociedade, mais justo.
Por isso, o lema desta direção eleita é ''um sindicato para novas conquistas''. E, lutar por novas conquistas, significa buscar, antecipar e construir o novo – é fazer a história.
Já iniciamos este próximo período com um grande desafio, que é o de enfrentar a crise. Os trabalhadores e os movimentos sociais tem que estar preparados para as lutas que temos pela frente. O que os ricos querem é que o custo da crise recaia sobre os trabalhadores. Querem que os trabalhadores paguem esta conta. Esta crise não se enfrenta com desemprego, mas sim com a promoção do desenvolvimento e a defesa do emprego, com valorização da produção e do trabalho. Portanto, o desafio – após este fracasso do neoliberalismo e do modelo da agiotagem internacional – é construir uma nova ordem política. um novo modelo – e os trabalhadores devem ser protagonistas nesta construção.
Outro desafio e o de continuar e aprofundar um modo de fazer a ação sindical que nos diferencia. Que coloca o sindicato dos metalúrgicos de caxias do sul como referência no país. E o que é esta ação sindical diferenciada?
Companheiros e companheiras, ao longo dos últimos anos, o sindicato tem buscado qualificar a sua atuação: fazemos um sindicalismo classista – que combina combatividade na ação, com amplitude e habilidade política. Que prioriza o diálogo e uma aproximação e cada vez maior da categoria com a sociedade. Além disso, o sindicato prioriza cada vez mais a formação dos dirigentes e da categoria e a comunicação como instrumento efetivo de relacionamento, tanto com os trabalhadores como com a comunidade.
Somos a geração que foi forjada nas lutas dos trabalhadores dos anos 70 e 80. Somos fruto da democratização do país. Enfrentamos a luta por direitos e nos formamos nela, no dia a dia – aprendemos com as lutas do passado e com os erros e os acertos do presente, por isso temos autoridade para afirmar o que o sindicato é hoje. Esta direção tem compromisso com a classe, e este compromisso está gravado na história recente da nossa cidade e do país. Esta direção reflete uma categoria que tem cumprido um grande papel e tem sido exemplo para os demais trabalhadores.
Assim como a categoria metalúrgica teve papel decisivo para a volta da democracia no país – com as grandes greves do ABC, no início dos anos 80 – que gerou, inclusive, esta grande liderança – um metalúrgico que chegou na presidência da republica – o Lula – esta categoria metalúrgica, em caxias do sul, também fez história. Destaco este último período quando realizou grandes movimentos – em defesa dos direitos e pelos avanços que o povo brasileiro quer e precisa – não foram outra coisa, senão isto, as grandes manifestações contra a Emenda três que pararam por duas vezes Caxias do Sul em 2007.
Foi a manifestação de uma categoria que tem orgulho da sua história e do seu papel. Papel que tem sido decisivo para as conquistas e lutas dos trabalhadores, assim como para o desenvolvimento e a geração da riqueza da nação.
Colhemos então, por certo, neste último período, conquistas importantes: frutos da união e mobilização da categoria com o sindicato obtivemos dissídios que estiveram entre os melhores do estado e do país, ampliamos direitos como o auxílio-creche e garantimos valorização dos pisos. Aprovamos um fundo de mobilização, que demonstra – acima de tudo – a consciência de classe da categoria e chegamos até a atualizar a nossa marca do sindicato, que ficou mais moderna simbolizando todas essas grandes lutas dos últimos anos – e traz como slogan: nossa classe fazendo história – que é o resumo de todo este entendimento – deste modo de fazer a ação sindical.
Esta direção, portanto, que assume hoje o sindicato para os próximos tres anos, tem compromisso com a classe – com seus objetivos imediatos na luta por direitos e qualidade de vida e com seus objetivos históricos: que é a construção de uma nova sociedade, mais avançada e justa – socialista.
Tenho certeza que não faltará disposição de trabalho para cumprirmos o nosso compromisso, assumido com os trabalhadores – o compromisso de um sindicato para as novas conquistas.
Vamos dar sequência às nossas principais bandeiras de luta para este momento: o enfrentamento da crise, como já falei, com a defesa do emprego e o desenvolvimento, a luta pela redução da jornada sem redução dos salários, a luta contra o famigerado Fator Previdenciário, e pelas reformas democráticas que o brasil precisa para avançar mais.
Um sindicato para novas conquistas, portanto, significa também um sindicato para os novos tempos – uma entidade moderna, que qualifica cada vez mais os serviços que oferece à categoria e que amplia cada vez mais a sua participação na sociedade.
Companheiros e companheiras: celebramos uma história de 75 anos que é motivo de orgulho para cada metalúrgico e cada metalúrgica. Também nos orgulha muito saber que os metalúrgicos de hoje, honram este legado e estão aí, fazendo a história – e fazer a história significa trilhar pelos caminhos do novo. é antecipar e construir o novo, por isso repito aqui o que tenho dito em todas as assembléias: nossa categoria precisa de organização, unidade e luta, porque sem lutas, não há novas conquistas.
Muito obrigado.
De Caxias do Sul
Clomar Porto e Diva Andrade