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Chuva não impede manifestação por punição para torturadores

A chuva atrapalhou, mas não impediu a manifestação que a Coordenação Brasileira da Anistia (CBA) programou para o início da tarde desta quarta-feira (17), na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Aproveitando a presença dos participantes da 11a Conferên

Podia ter mais gente, diz Narciso Pires, um dos coordenadores da Coordenação Brasileira da Anistia (CBA), entidade promotora do evento. Mas, apesar da chuva insistente que caiu durante todo o dia em Brasília, teve gente suficiente para carregar os cem cartazes das vítimas da ditadura militar. O filho de Carlos Marighella carregou o cartaz com o nome, a foto e a história do pai, morto em emboscada preparada pelo DOPS de São Paulo em 1969.
 


Ana Guedes, do Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia e do PCdoB, destacou o cartaz de Carlos Danielli – dirigente do PCdoB, “que sofreu torturas brutais por quase quatro dias e morreu nas mãos dos assassinos do DOI-Codi”, conta ela.



Os manifestantes percorreram a Praça dos Três poderes, passando igualmente pelas portas do Supremo Tribunal Federal (STF), Palácio do Planalto e Congresso Nacional. Em um grande cartaz eles diziam o que queriam: “Pela Responsabilização dos Torturadores e Assassinos da Ditadura Militar e Pela Abertura de Todos os Arquivos da Repressão.”



Narciso Pires, que também é presidente do Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná, destacou que tramita uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instigando o Supremo Tribunal a se manifestar sobre o alcance da Lei de Anistia de 1979.



Anistia sem valor


 
“Queremos também sensibilizar o Parlamento e a Presidência da República para essa questão, que é importantíssima para o povo brasileiro, o resgate da sua história”, afirmou, destacando que “não se sai da transição para construir um estado democrático de direito se não houver responsabilização dos crimes.”



Ele lembrou ainda que o Brasil é o último país do Cone Sul a tratar desse assunto. Nos demais países que sofreram, na mesma época, ditaduras militares, os torturadores foram identificados e punidos. Ele defende a mesma posição para o Brasil, dizendo que na Lei da Anistia não existe nenhum artigo que contempla a impunidade dos torturados



Ele reafirmou que tortura não é crime político, é crime de lesa humanidade e não prescreve, identificando neles os argumentos para a defesa da punição dos torturadores.  Disse ainda que se isso tudo não fosse levado em consideração, é preciso lembrar que a Lei da Anistia foi feita pelos próprios militares, o que representa uma auto-anistia, portanto sem valor.



De Brasília
Márcia Xavier