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Os movimentos sociais diante da integração da América Latina

Não foi por acaso que dezenas de entidades participaram, na segunda-feira (15), da Marcha pela Unidade Latino-Americana e Caribenha. Principal ato de convergência entre as diversas cúpulas que ocorrem desde sexta-feira (12) em Salvador, a animada passeata

“É importante que os jovens da América Latina possam se unir neste momento para construir uma saída soberana para a crise”, afirma Lúcia Stumpf, diretora nacional da UJS (União da Juventude Socialista) e presidente da UNE. Segundo ela, essa saída tem de garantir investimentos na juventude e na educação


 


A Oclae (Organização Continental Latino Americana e Caribenha de Estudantes) assumirá o compromisso de articular tais interesses na região em meio às transformações. “A juventude, através da Oclae, vai marchar unida, a partir dessas cúpulas até o Fórum Social Mundial, direcionando todas as nossas forças para enfrentar cada debate e construir caminhos comuns”, diz Lúcia.


 


Outro entusiasta é Rubens Diniz, membro do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz) e integrante da comissão que organizou a Cúpula dos Povos do Sul. “A integração latino-americana já faz parte das lutas dos movimentos sociais do continente. Não só os governos mas também os movimentos precisam estabelecer seus projetos – ver qual modelo de desenvolvimento e integração nós queremos.”


 


Para Rubens, a representatividade da comissão organizadora do encontro demonstra essa preocupação. “A cúpula integrou entidades que compõem a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), centrais sindicais, movimentos estudantil, comunitário, de mulheres, de negros e pela paz, além de organizações internacionais, como a rede Aliança Social Continental – da qual participam movimentos da América Latina e do Caribe.”


 


Artur Henrique, presidente da CUT, avaliou que a marcha de segunda-feira foi “um ato extremamente importante, bastante representativo, que mostrou a unidade do movimento sindical” na região. De acordo com Artur, “as centrais sindicais brasileiras assumiram a posição de vanguarda da organização da classe trabalhadora no Brasil e da luta por uma integração que tenha como centro o desenvolvimento econômico, com distribuição de renda, respeito ao meio ambiente e valorização do trabalho.”


 


Ressalvas


 


Apesar de apoiarem a luta pela unidade latino-americana e caribenha, alguns segmentos apontam insuficiências. É o caso dos trabalhadores do campo e do movimento negro. “Somos a favor da integração, mas ficaríamos mais contemplados se os debates se aprofundassem nos temas da soberania alimentar e da agricultura familiar”, declara João da Cruz, secretário de Políticas Agrícolas da Fetag-BA (Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Bahia).


 


Membro da coordenação nacional da Unegro (União de Negros pela Igualdade), Vicente Silva dos Santos também pondera sobre a articulação dos movimentos na região. “Ainda não podemos dizer que a pauta do movimento negro está contemplada. Falta uma visão mais clara, mais límpida, do que os negros precisam no Brasil, na América Latina e no Caribe.”


 


De Salvador,
André Cintra