Sindicato anuncia paralisação contra demissões da Vale
Com o objetivo de protestar contra as demissões feitas pela Vale e pelas empresas que prestam serviços para a mineradora, em virtude da crise econômica mundial, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) an
Publicado 17/12/2008 07:06 | Editado 04/03/2020 16:51
Na reunião, que foi acompanhada por mais de 200 pessoas que lotaram o Plenário da Câmara Municipal de Itabira, os parlamentares anunciaram que vão agendar um encontro com o governador do Estado para tentar negociar uma solução para a crise.
O presidente do Sindicato Metabase, Paulo Soares de Souza, afirmou que, com a crise econômica, a Vale reduziu em 50% a sua produção de minério de ferro, de 120 mil para 60 mil toneladas, sendo que as duas minas de Itabira foram fechadas. Segundo ele, o plano de ajustes anunciado pela empresa vai demitir 9 mil trabalhadores da Vale e 25 mil das empresas que prestam serviços a mineradora. “Ao longo de 11 anos, a Vale lucrou cerca de US$ 80 bilhões e são os trabalhadores que vão pagar pela crise?”, questionou.
Paulo Soares de Souza disse ainda que a empresa anunciou que possui uma reserva de US$ 15 bilhões para enfrentar a crise. “Mesmo com todo esse dinheiro é necessário demitir os trabalhadores? Esse dinheiro poderia garantir o salário de todos os trabalhadores durante 10 anos”, destacou. O presidente do Sindicato Metabase afirmou ainda que, mesmo com a crise, o lucro estimado da empresa para esta ano é de US$ 25 bilhões.
Ele lembrou que a Vale nasceu há cerca de 60 anos em Itabira e que a população do município, através do seu trabalho, é diretamente responsável pela crescimento da empresa. Paulo Soares ainda cobrou que Governo Federal se manifeste contra o fechamento das minas e as demissões. Segundo ele, o Governo Federal possui ações da Vale que lhe dão direito de veto sobre determinadas decisões da empresa, como o fechamento de minas.
Dependência – Na audiência pública, representantes do poder público de Itabira e da sociedade civil também mostraram preocupação com as demissões. O prefeito do município, João Izael Querino Coelho, lembrou que atualmente a economia da cidade é muito dependente da Vale e que as demissões terão um impacto negativo muito grande. Segundo ele, devido a crise econômica, a arrecadação do município para o próximo ano terá uma redução de 20%, o que equivale a cerca de R$ 30 milhões.
Já o presidente da Associação Comercial e Industrial de Serviços e Agropecuária de Itabira, Reginaldo Calixto Oliveira, defendeu que o município procure encontrar uma solução para a situação, através da diversificação de suas atividades econômicas. “Nós fizemos um levantamento de quais produtos e serviços são importados pelo município e podemos incentivar o desenvolvimento dessas atividades”, afirmou.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itabira, Maurício Henrique Martins, fez um alerta de que as conseqüências das demissões já começaram a ser sentidas no comércio. Segundo ele, neste ano, praticamente não foram feitas contratações temporárias para o Natal, sendo que normalmente eram contratadas cerca de 3 mil pessoas nesse período.
Sindiextra defende negociação entre empresa e trabalhadores
O assessor do Sindicato da Indústria Mineral (Sindiextra), Wilson Starling Júnior, defendeu que a Vale e os sindicatos procurem negociar uma solução intermediária para as demissões, que atenda aos dois lados. Ele falou que a situação é muito séria, especialmente para o setor mineral. Segundo ele, no mundo inteiro, 25 mil pessoas já foram demitidas no setor.
“Neste momento, ninguém está comprando os produtos do setor mineral, o que não dá liquidez ao patrimônio das empresas”, afirmou. Wilson Starling disse ainda que é necessário que a Vale leve em consideração a importância que seu corpo técnico, em especial, os trabalhadores de Itabira, que tiveram participação na construção do seu patrimônio, mas é preciso compreender que, diante da crise, a empresa precisa necessariamente fazer alguns ajustes.
O autor do requerimento para realização da reunião e vice-presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado Ronaldo Magalhães (PSDB), defendeu que a empresa espere um pouco antes de realizar as demissões. Ele lembrou que a Vale teve grandes lucros nos últimos anos, diante do aumento do preço do minério de ferro e do aumento das exportações, e que, portanto, teria como suportar a crise durante algum tempo antes de fazer as demissões.
Ronaldo Magalhães afirmou ainda que já entrou em contato com os diretores da empresa na tentativa de encontrar uma solução. Ele solicitou ainda ao representante do Sindiextra que leve à Vale a necessidade de os trabalhadores serem ouvidos.
Reunião com o governador – O deputado Carlin Moura (PCdoB) também disse que os lucros obtidos pela Vale nos últimos anos têm como garantir a manutenção dos empregos dos trabalhadores. Carlin Moura defendeu ainda que seja marcado em caráter emergencial um encontro entre empresa, sindicato, parlamentares e governador para encontrar uma solução para as demissões. O deputado sugeriu ainda a possibilidade de que seja criada uma Frente Parlamentar em Defesa do Emprego e dos Municípios Mineradores e condenou a ausência na audiência pública de representantes da Vale e do Governo do Estado.
A presidente da Comissão do Trabalho, deputada Rosângela Reis (PV), afirmou que, em reunião realizada pela comissão no último dia 3 de dezembro, em que foram debatidos os efeitos da crise econômica em Minas Gerias, já foi aprovado requerimento solicitando a realização de reunião entre os parlamentares e o governador para debater o assunto.
Rosângela Reis também lamentou a ausência de representantes da Vale na audiência pública e afirmou que irá participar da paralisação em Itabira agendada para o dia 8 de janeiro. Já o deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) afirmou que a crise já está atingindo a economia do Estado e que o trabalhador não pode pagar sozinho por ela.
Presenças – Deputada Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho; deputados Ronaldo Magalhães (PSDB), vice-presidente da Comissão de Assuntos Municipais; Antônio Carlos Arantes (PSC) e Carlin Moura (PcdoB); e, além dos convidados já citados, o presidente da Câmara Municipal de Itabira, vereador José Celso de Assis; o vice-prefeito Roberto Ferreira Chaves; a diretora-presidente da Interassociação dos Amigos de Bairros de Itabira, Mônica Aparecida Reis Silva; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do município, Cácio Francisco Cota.
Fonte: Assessoria de Comunicação da ALMG