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Robert Fisk: Forças da ONU foi o que Arafat pediu

Em seu giro pelo Oriente Médio, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, evocou a ONU, sempre tão disposta a enviar suas forças de paz em mais uma Missão Impossível. Os palestinos vêm tentando internacionalizar seu conflito com os israelenses desde que I

O clichê é, é claro, a Unifil, a força da ONU no Líbano. Ela chegou ao sul do país em 1978, depois da inútil “operação Litani” de Israel, que iria “destruir” as forças guerrilheiras palestinas ao norte da fronteira israelense. O mandato da ONU insistia em que os israelenses deveriam recuar para sua fronteira, o que se recusaram a fazer. A ONU ficou entre uma força de ocupação israelense ao sul e unidades palestinas com bases dentro e ao norte dela.



Quando, em 1982, Israel lançou outra invasão inútil, a ONU se viu operando dentro de uma zona de ocupação israelense. Foi só quando Israel retirou suas forças do Líbano, em 2000, que a força de paz – formada então por soldados africanos e asiáticos pobres – pôde operar de modo independente, mas com o Hizbollah instalado em seu meio.



A guerra de 2006 entre Israel e o Hizbollah terminou com uma força maior da ONU no sul do Líbano, desta vez comandada por generais da Otan que patrulhavam uma área livre de armas do Hizbollah.



Então será que pode haver outra força da ONU na região? Originalmente, havia uma força observadora da ONU na fronteira libanesa-israelense. Chegou em 1948 e ainda está presente – desarmada, dentro da zona da Unifil. Este poderia ser o contexto de uma força da ONU na Palestina – observadores desarmados, e não uma força de manutenção da paz, algo que pudesse acrescentar uma voz internacional às violações do cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Mas é claro que, nesse caso, os palestinos pediriam que a mesma instituição fosse posicionada entre a Cisjordânia e Israel, e é ali que se localiza o problema, tanto para Israel quanto para a ONU.



Afinal, que “fronteira” a ONU patrulharia? A traçada pela ONU nos anos 1940, as linhas de cessar-fogo anteriores a 1967, em que uma Jerusalém Oriental pré-anexada pertencia aos árabes, ou a fronteira pós-1967, na qual Israel afirmou ter “anexado” Jerusalém? Ou, ainda, a “fronteira” de hoje, delimitada por uma barreira maciça e que avança fundo em terras palestinas, ilegalmente? E será que a ONU também teria que “observar” os assentamentos judaicos ilegais na Cisjordânia?



A faixa de Gaza soa como opção fácil. Mas seria apenas questão de tempo até que tropas fossem necessárias em volta da Cisjordânia. Isso seria a realização de um sonho dos palestinos – e um pesadelo para os israelenses desejosos de manter sua expansão em terras palestinas.