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ABC resiste: 20 mil metalúrgicos saem às ruas em protesto

Mais de 20 mil metalúrgicos do ABC ocuparam as ruas de São Bernardo (SP) para dizer “não” à redução de salários e de direitos. Os trabalhadores também declararam guerra a qualquer tentativa de demissão.

As manifestações ocorreram em três pontos. Na maior deles, uma marcha, organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reuniu 15 mil pessoas. A passeata começou na Mercedes-Benz, por volta das 6 horas da manhã, e prosseguiu pela avenida 31 de Março até a Mahle Metal Leve.


 


Enquanto isso, cerca de 3 mil trabalhadores protestavam à frente da Scania, e outros milhares participaram de assembléia no pátio da Volkswagen, durante a entrada do turno da manhã.


 


De acordo com o sindicato, o objetivo do ato foi mostrar aos trabalhadores uma agenda contra a crise e o desemprego — que inclui propostas como a redução da taxa básica de juros (Selic), o incentivo às exportações e a facilitação do crédito. “É na rua, com disposição de luta, que a gente transforma a realidade”, enfatizou o presidente do sindicato, Sérgio Nobre.


 


Nesta quarta-feira (21), Nobre terá audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a crise financeira. O sindicalista vai propor ao governo a composição de uma mesa de negociação entre trabalhadores, empresários e governo. A missão desse grupo será discutir metas de produção e de emprego.


 


Nobre ainda vai cobrar do governo a adoção de medidas que facilitem essa negociação, como redução de juros e do spread bancário, além da facilidade de crédito. Os trabalhadores querem ainda contrapartidas, como a manutenção do emprego em todas as empresas que receberem ajuda oficial.


 


Na segunda (19), dirigentes das seis centrais sindicais do país se reuniram com Lula e apresentaram ao menos 15 reivindicações para evitar o desemprego em massa no Brasil. Lula não deu garantias, no entanto, à principal reivindicação dos sindicalistas — a garantia de que os futuros financiamentos para as empresas só beneficiassem os empresários que se comprometessem a não demitir.


 


Também na segunda-feira, o governo divulgou que foram fechados mais de 650 mil postos de trabalho com carteira assinada em dezembro — número bem superior aos 300 mil tradicionalmente perdidos no mês. O sinal de alerta veio da General Motors, que cortou 744 funcionários temporários no dia 12.


 


Segundo os sindicalistas, o governo manteve o acordo firmado com as centrais para dar um aumento real para o salário mínimo de aproximadamente 5,7%. Na manhã desta quarta-feira (21), serão realizados protestos em todos os escritórios regionais do Banco Central nos estados, para pressionar pela redução da taxa de juros.