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Sarney assume candidatura à Presidência do Senado

Na noite desta segunda-feira (19), em reunião reservada com o Presidente Lula, que durou mais de uma hora, o senador José Sarney (PMDB-AP) admitiu que é candidato à Presidência do Senado. Ele disse que quer o cargo e, se não conseguir o consenso e

Os aliados de Sarney avaliam que será difícil para o Presidente Lula convencer Viana a desistir da candidatura, que insiste em disputar o cargo. O atual presidente da Casa, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que também anunciou a pretensão de concorrer ao cargo, será o primeiro a ser procurado pelo grupo de Sarney. Eles querem garantir uma saída honrosa para Garibaldi se retirar da disputa.



O anúncio foi recebido pelo governo com certa apreensão pela possibilidade de sequelas na base de sustentação no Congresso. ''Será um complicador muito grande'', resumiu um dos principais assessores do presidente Lula.
 


De qualquer jeito



Sarney desejava voltar à presidência do Senado, mas queria ser o candidato de consenso. Diante da forte pressão de correligionários, no entanto, não teve como escapar da candidatura de qualquer jeito. A presidência do Congresso pelos próximos dois anos é considerada essencial para garantir espaço de poder aos peemedebistas em tempos de eleição, sobretudo quando 17 dos 20 senadores do partido, inclusive o novo líder Renan Calheiros (PMDB-AL), terão de renovar o mandato em 2010.
 


Com o apoio do PT, Tião Viana decidiu que sua candidatura era irreversível e fez questão de tornar isto público no dia 14 de janeiro, quando propôs um acordo ao atual presidente e candidato à reeleição, Garibaldi Alves. O petista comprometeu-se a dizer não ao presidente Lula, caso este lhe pedisse para desistir da candidatura, e sugeriu que Garibaldi desse a mesma resposta à proposta semelhante, para não abrir espaço a Sarney.
 


Garibaldi concordou e os dois chegaram a posar lado a lado, para registrar em imagens a resistência de ambos a qualquer pressão. Mas, diante das dúvidas jurídicas sobre sua candidatura, uma vez que o texto constitucional proíbe a reeleição de presidente do Senado, Garibaldi não tem como se manter na corrida sucessória à revelia do partido.



Diante do fato novo chamado Sarney, Garibaldi decidiu que vai submeter sua candidatura aos correligionários mais uma vez. Ele lembrou que fora lançado pela bancada, com o voto de 17 senadores, entre os quais o próprio Sarney. Também repetiu que não seria candidato contra a vontade do partido.



Sem interesse



Se Sarney for favorito no Senado, como apontam os seus aliados, já tendo computados 58 dos 81 votos, haverá resistência na Câmara para a eleição de Michel Temer (PMDB-SP), porque não há interesse em nenhum partido da base aliada de que o PMDB acumule a Presidência as duas casas. A expectativa é de que haverá dissidência em todos os partidos – 12 ao todo – que apoiam a candidatura de Temer.



Existe mais um elemento complicador na repercussão da eleição de uma Casa na outra. A votação para escolha do novo Presidente da Câmara está prevista para às 12 horas do dia 2 de fevereiro, enquanto no Senado, a eleição deve ocorrer às 18 horas.



Isso significa que os deputados escolherão o sucessor do petista Arlindo Chinaglia (SP) sem saber quem será o novo presidente do Senado. Essa incerteza só se desfará se antes disso as forças políticas chegarem a um acordo, o que parece a cada dia mais distante.
 


A indefinição influenciará o processo eleitoral na Câmara e poderá levar os partidos da base aliada a descarregarem votos nos adversários de Temer, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Ciro Nogueira (PP-PI) e Osmar Serraglio (PMDB-PR). Neste caso, o prejudicado será Temer e o beneficiado será o candidato do PMDB no Senado.



Com a candidatura de Sarney, o Presidente Lula pode continuar apoiando a candidatura de Michel Temer, para cumprir o acordo firmado entre os dois partidos – PT e PMDB – que resultou na eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP). Mas isso não significa que a base do PT vai apoiar Temer, mesmo porque existe uma série de questões regionais que afastam os petistas do PMDB, como a disputa na Bahia entre o PT e o PMDB do ministro Geddel Vieira Lima e a relação do PT com o PMDB de São Paulo, onde Temer está muito próximo ao Quércia e ao governador tucano José Serra.



De Brasília
Com agências