Prefeito de Abadiânia investigado por suspeita de compra de voto
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar uma denúncia de compra de voto nas eleições municipais em Abadiânia, cidade do Entorno. O prefeito re-eleito, Dr. Itamar (PP), foi acusado de doar traves de futebol para uma chácara, que abriga cerca de 30
Publicado 26/01/2009 11:44 | Editado 04/03/2020 16:42
O condutor e um colega que o acompanhava, ambos funcionários da prefeitura, e os moradores da chácara prestaram depoimento à polícia, que indiciou, além do prefeito eleito, os secretários de Transporte e de Esportes de Abadiânia. “Testemunhas confirmaram que houve uma promessa de que ele (dr. Itamar) daria as traves se as pessoas que residissem ali votassem nele”, disse a promotora. A Polícia Federal apreendeu as notas fiscais da mercadoria, no valor de R$ 1,2 mil, na serralheria onde as traves foram produzidas. O documento, no entanto, apresenta rasuras e será primeiro avaliado pela perícia para poder ser anexado ao processo.
Segundo a promotora eleitoral, o caso está em fase de conclusão e aguarda apenas a perícia para ser encaminhado à juíza. O delegado responsável pelo caso, Humberto Evangelista, afirma que a perícia dos documentos estará pronta em até um mês. Se confirmada a suspeita, a pena prevê pagamento de multa e cassação do diploma de prefeito. O inquérito da Polícia Federal pode resultar ainda na prisão do político.
O prefeito eleito se defende das acusações e afirma que a história não é verdadeira. “Foi uma terceira pessoa que comprou as traves”, argumenta. Dr. Itamar afirma que não autorizou o uso do caminhão para fazer a entrega e questiona o flagrante. “É muita coincidência um candidato da oposição estar no local para onde o caminhão ia levar as traves. Quando a pessoa perde, quer arrumar alguma desculpa”, rebate. Dr. Itamar acredita que o processo não terá impacto nenhum sob seu mandato. “Eu tomei minhas providências. O advogado fez minha defesa e não vejo nada que me desqualifique.” O prefeito afirma ainda que é comum o caminhão da prefeitura ser usado para prestar pequenos serviços à comunidade. “Isso é uma prestação de serviço normal. Todo final de semana tem alguém pedindo pra fazer serviço.”
Caso o prefeito re-eleito tenha o diploma cassado, o presidente da Câmara de Vereadores assume o posto até a realização de uma nova eleição, já que dr. Itamar obteve mais de 50% dos votos válidos. O prefeito, no entanto, pode recorrer da decisão em instâncias superiores. O oponente nas urnas Wilmar Arantes (PR) conquistou 43,28% dos votos válidos, cerca de mil votos a menos do que o prefeito re-eleito. A suposta compra de votos, portanto, não poderia alterar o resultado nas urnas. “Para esse tipo de ação, se entende que não há necessidade de se alterar o pleito. O que a gente busca coibir é a ação escusa, independentemente de atingir o número ou não”, justifica a promotora eleitoral de Abadiânia, cidade que possui um eleitorado de 9.365 pessoas. “Se o candidato usou desse método, tem que sofrer as consequências. E se ficar provado que não usou, não será condenado”, conclui.
Pendências na Justiça
Abadiânia é apenas mais uma na lista de cidades do Entorno que ainda enfrentam pendências na Justiça após as eleições municipais de outubro.
Santo Antônio do Descoberto
– O Ministério Público pede a cassação do prefeito eleito Davi Leite (PR), acusado de compra de voto. A prova seria um bilhete colado em agendas escolares, que convidava as mães dos alunos a participarem de uma reunião com o “futuro prefeito”. Em troca, receberiam R$ 5 de desconto na mensalidade. Leite nega as acusações.
Cidade Ocidental
– O Ministério Público denunciou o prefeito eleito, Alex Batista (PR), por abuso de poder econômico, compra de votos e uso indevido de veículo de comunicação em benefício próprio.
Águas Lindas de Goiás
– O prefeito Geraldo Messias (PP) responde a inquérito da Polícia Federal por compra de votos. O delegado responsável pelo caso, Humberto Evangelista, afirma ter em mãos uma lista com pelo menos 20 nomes de eleitores que teriam recebido dinheiro para votar em Messias, que nega as acusações.
Cristalina
– Único prefeito do Democratas no Entorno, Luiz Carlos Attié é acusado de ter distribuído combustível e material de
construção em troca de apoio nas urnas.
Vila Boa
– O prefeito reeleito, dr. Waldir (PT), é acusado de ter participado, durante o período eleitoral, da inauguração do Centro de Recuperação de Animais Silvestres, em Brasília — o que é proibido pela legislação.
Alexânia
– A Polícia Federal investiga denúncia de fraude em títulos eleitorais.
Com informações do Correio Braziliense