George Câmara: Drenagem Urbana e Desmonte das Cidades

Nas metrópoles brasileiras, em matéria de drenagem urbana a situação é de absoluta fragilidade. A “terra da garoa” já não suporta uma pe

Saindo do universo das duas “metrópoles globais” brasileiras, (São Paulo e Rio de Janeiro, pela classificação do IPEA), também nas seis “metrópoles nacionais” (Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife e Salvador) não faltam problemas dessa natureza. No geral, o mesmo se dá com as três “metrópoles regionais” (Belém, Campinas e Goiânia), guardadas, evidentemente, as devidas proporções.



Independente do perfil político e ideológico de seus governantes, Gilberto Kassab, do DEM (São Paulo) Eduardo Paes, do PMDB (Rio de Janeiro), Luizianne Lins, do PT (Fortaleza), Márcio Lacerda, do PSB (Belo Horizonte), ou Edvaldo Nogueira, do PCdoB (Aracaju), os problemas são muito parecidos.



Pela classificação do mesmo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Natal é considerada “aglomeração urbana de caráter não metropolitano, polarizada por centro regional”. Como ela, outras sete (Baixada Santista, Florianópolis, João Pessoa, Londrina, Maceió, São Luís e Vitória). Nessas cidades, os mesmos dramas em matéria de manejo das águas pluviais.



Mas afinal, o que está acontecendo com as cidades e metrópoles brasileiras, às voltas com problemas de mesma natureza? Será que todas elas são administradas por “maus síndicos”? Em Natal, não basta substituir Damião Pitta por Demétrius Torres, na SEMOV. Não questiono a capacidade técnica nem o compromisso de ambos com o interesse público.



Mas o problema é mais complexo. Resolver a drenagem urbana em Natal, como em São Paulo, passa por alocar recursos que seriam inimagináveis na lógica do estado mínimo.



As cidades não ficaram tão “frágeis” apenas por mero descuido de um ou outro gestor. Respeitando as particularidades de cada uma, todas expressam o resultado de uma política de verdadeiro desmonte, sob a lógica do projeto neoliberal. Tal concepção, tão defendida pelos ideólogos lá de fora e seus obedientes seguidores no Brasil, produziu esse monstrengo que são as metrópoles desordenadas.



Assim como a origem do problema tem natureza estrutural, a sua solução vai além de um bom síndico, ainda que seja fundamental ter bons gestores. Considero impossível sair dessa arapuca sem apontar para o sentido oposto à política neoliberal: um projeto nacional desenvolvimentista, calcado na distribuição da riqueza e na valorização do trabalho. Tendo como centro as pessoas e sua qualidade de vida.


 


George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB.
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