Protecionismo e bloqueio a Cuba na agenda de Lula com Obama
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou o enfrentamento do protecionismo como sua “principal prioridade” no encontro com Barack Obama no próximo sábado (14). “O protecionismo pode parecer benéfico num primeiro momento, mas, no longo prazo, ele afet
Publicado 11/03/2009 18:28
Na entrevista Lula criticou duramente as recentes medidas protecionistas tomadas por nações que normalmente promovem o livre comércio. Disse que uma crescente onda de protecionismo das nações mais ricas do mundo ameaça as economias emergentes. Entre as medidas citadas por Lula está a cláusula “Buy American” (“Compre [produtos] americanos”) do último pacote de estímulo aprovado no Congresso americano.
Controvérsias sobre protecionismo
Lula, conta o jornal, advertiu que a crise global ameaça esvaziar o crescimento que estava reduzindo a pobreza nos países pobres, pedindo ajuda financeira e outras medidas para prevenir o maior alastramento dos efeitos da crise. “Não podemos aceitar a ideia de que, devido à irresponsabilidade de banqueiros, e à irresponsabilidade de alguns líderes, o resto do mundo termine pagando a conta, e sobretudo os mais pobres”, disse ele.
O diário americano acusa por sua vez o Brasil de protecionismo. E critica a diplomacia brasileira por ter “resistido” aos esforços dos EUA para efetivar a Alca (Acordo de Luivre Comércio das Américas). Mas lembra que, “entretanto, o país esté agora tentando reviver as bloqueadas conversações da OMC (Organização Mundial do Comércio) por um acordo comercial global”.
Conforme o diário, “as relações entre os EUA e o Brasil são boas mas relativamente subdesenvolvidas. O ponto central é um acordo para desenvolver a tecnologia do biodiesel, área em que o Brasil é expert.”
“Advogado global dos pobres”
O jornal de Wall Street (centro do capital financeiro americano) apresenta o presidente brasileiro como um ex-líder sindical que “tem tentado se posicionar cada vez mais como um advogado global das nações emergentes, em fóruns como o encontro dos líderes do grupo das 20 maiores economias, no mês que vem em Londres”.
O jornal conta sobre as raízes operárias de Lula e o dedo que ele perdeu num acidente de trabalho. “A origem pobre de Lula aumentou a expectativa de que ele será capaz de forjar uma relação especialmente produtiva com Obama, cuja origem também não pressagiava poder”, comenta o órgão da elite novaiorquina.
“O brasileiro foi efusivo no elogio ao presidente dos EUA: 'Rezo mais para Obama do que para mim mesmo', disse ele. 'As políticas de Bush para o Brasil eram dignas. Mas acredito que elas poderão ser infinitamente melhores com Obama'.
No encontro com Obama, Lula disse que também pretende discutir propostas que poderão ser abordados na reunião do G20. Estas incluem, disse Lula, a retomada das conversações na OMC, “enérgicos compromissos” contra políticas comerciais protecionistas, “diretrizes mais rigorosas” para regular as instituições financeiras, inclusive limites de “alavancagem”, e mais créditos dos países ricos para exportações e outras atividades das nações em desenvolvimento.
“Não faz muito tempo, a oferta do Brasil para influir nos assuntos globais poderia ter sido ignorada”, comenta o Wall Street Journal. “Mas a nação sul-americana, o maior exportador mundial de açúcar, café, minério de ferro, carne e frangos, está lentamente conformando um importante papel em áreas como o comércio internacional”.
Ênfase no fim do bloqueio a Cuba
Conforme o jornal, Lula disse ter aconselhado o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a “amainar a retórica antiamericana”, dando “uma oportunidade” para a administração Obama. E enfatizou que “exortará os EUA a desmontarem o embargo comercial contra Cuba, um velho ruído nas relações regionais.”
“Não existe razão humana, sociológica ou política para manter o embargo a Cuba”, sublinhou Lula. “Temos que olhar o futuro, não podemos fazer política no século 21 em torno do que aconteceu no século 20”. O Wall Street Journal acrescenta que “os EUA disseram esperar aliviar as restrições quanto às viagens e transferências de dinheiro para Cuba”.
Na entrevista, Lula disse ainda que a crise “fornece uma oportunidade” para se criar uma economia onde os financistas de Wall Streel tenham um mapel menor. “O mundo ficaria menos falso”, comentou. “A economia que contaria seria aquela que produz milho, arroz, um parafuso, um carro, um terno, um relógio”.
A matéria se refere ainda às “vastas descobertas de petróleo na plataforma do Rio de Janeiro”. Para ilustrá-la, o jornal escolheu não só uma foto de Lula mas também gráficos mostrando o crescimento das reservas e da produção petrolíferas do Brasil.
Da redação, com The Wall Street Journal