''Vozes Silenciadas'' conta histórias de torturados durante a Ditadura
A Associação 64/68 – Anistia e a Associação dos Poetas Vivos lançam na noite desta quinta-feira (12) na Casa José de Alencar o livro “Vozes Silenciadas”. Em 450 páginas com ilustrações, recortes de jornais da época e fotos, o organizador Papito de Oliv
Publicado 11/03/2009 15:19 | Editado 04/03/2020 16:35
A ideia de unir todos as histórias num só documento surgiu quando Papito de Oliveira ainda era Presidente da Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou. A comissão, que foi instituída em 2003 no Governo Lúcio Alcântara, tinha a função de analisar os requerimentos de indenizações de pessoas que foram perseguidas durante a Ditadura Militar. “Enquanto presidente da comissão, tive acesso a todos os processos. Vi então que se tratava de uma história formidável e que não poderia continuar sendo omitida pois muita gente ainda não tinha conhecimento das barbaridades que aconteceram naqueles anos aqui no Ceará”, afirma Papito. Segundo o organizador dos textos, há relatos de jovens, mulheres e até crianças que foram brutalmente torturados nos porões porque lutavam pelo restabelecimento da democracia no Brasil.
O critério utilizado para a publicação dos relatos foi o de processos que foram indenizados durante sua gestão. “Tive o cuidado de trabalhar os textos e organizá-los de forma que o livro se tornasse mais didático. Não existia uma uniformidade dos relatos nos processos. Eles eram escritos pelos próprios torturados, por advogados e até mesmo por familiares de pessoas que já morreram”, explica. As histórias foram agrupadas por organização política. Os capítulos são divididos nos partidos como o PCB, PCdoB, ALN, PCBR e AP além de casos como os presos na Refesa e até na Assembleia Legislativa. “O livro conta por exemplo a história do Zé Duarte, Rubão, Helena Serra Azul e Chico Passeata. Todos do PCdoB”.
Um capítulo conta casos curiosos dentro do cenário de terror em que o país viva naquela época. “Publicamos histórias de pessoas que não tinham nada a ver com o movimento pela democracia. Um deles relata que um homem chegou a ser preso simplesmente porque tinha um bigode parecido com o do Stalin”, relembra. Segundo Papito de Oliveira, esta será a primeira edição do livro. “Pretendemos lançar o segundo volume contando ainda mais histórias de pessoas que lutaram por dias melhores. Não podemos omitir os atos absurdos que foram cometidos naqueles tempos”, defende.
Serviço:
Lançamento do livro “Vozes Silenciadas”
Data: 12 de março de 2008 (quinta-feira)
Hora: A partir das 19h30
Local: Casa José de Alencar (Av. Washington Soares, 6055)
De Fortaleza,
Carolina Campos