Seminário Brasil-Ásia defende estudos e pesquisas sobre realidade asiática
Na próxima quinta-feira (23/04), o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC /UFBA promove o Seminário Brasil-Ásia: Estudos Avançados e Parceria Estratégica, a partir das 8h30, no Campus de Ondina da Universidade Federal da
Publicado 16/04/2009 18:47 | Editado 04/03/2020 16:20
O Seminário acompanha o estreitamento das relações diplomáticas entre o Brasil e os países asiáticos, e propõe o incentivo e a promoção do estudo, pesquisa e publicação dedicados a historia, cultura, e a situação econômica, política e social da Ásia. “A Universidade sempre esteve voltada para relações com o Ocidente, até por conta da própria história de dominação imperialista e experiências de colonização, o que tornou os nossos conhecimentos muito enviesados por uma visão de dominação eurocêntrica”, critica o economista Renildo Souza, integrante da comissão de organização do evento.
Historicamente, a Ásia desempenhou papel destacado nas transformações ao longo do mundo, antes mesmo da Revolução Industrial que acarretou no ápice desenvolvimentista dos países europeus e dos Estados Unidos. É da China, por exemplo, algumas das mais emblemáticas invenções, como o papel, a bússola, a pólvora e o papel-moeda. Nos últimos anos, a forte ascensão econômica dos países asiáticos, em especial China, Índia, Coréia do Sul e Taiwan, além do Japão, ocasionou mudanças na geopolítica mundial, alçando o continente à posição de destaque no cenário globalizado. “Durante alguns milênios, houve supremacia econômica, política e cultural da Ásia, então, de certa forma, a situação atual é uma retomada do papel que, no passado remoto e histórico, a Ásia já tinha desfrutado comparativamente ao Ocidente”, explica Souza.
Para o economista, é importante que as universidades brasileiras questionem criticamente a suposta hegemonia ocidental. “O ‘eurocentrismo’ é um tipo de máscara sobre os estudos, conhecimentos e processos históricos no mundo, que não reconhece a contribuição de outros povos e a diversidade, como se tudo fosse explicado unicamente a partir dos interesses e ótica da Europa e EUA”, opina. “Particularmente no caso da UFBA, podemos dar um passo mais firme no aprofundamento da atividade acadêmica nesse capo dos estudos asiáticos”, defendeu.
Economia
Tanto do ponto de vista das relações institucionais oficiais, como através dos negócios de exportações e importações, o Brasil vem estreitando seus laços com os países asiáticos. Exemplo disso é que, até o fim deste ano, o presidente Lula retorna à China com a comitiva do estado brasileiro em sua terceira visita oficial ao país desde que assumiu o Palácio do Planalto.
Em se tratando de relações internacionais, o Estado tem colocado o “status” de parceria estratégica junto a alguns países asiáticos – em especial a China – em prol de um estreitamento de cooperação econômica, científica, tecnológica e comercial. “Esse tipo de relação abre as portas institucionais para acordos e tratados de maior complementaridade comercial, além de cooperação cultural e acadêmica”, define Renildo Souza.
Não à toa, entre as palestras ministradas no Seminário Brasil-Ásia, Li Baojun apresenta, às 9h, “A parceria estratégica e a cooperação cultural entre o Brasil e a China”. Na sequência, o embaixador Roberto Jaguaribe fala sobre “O Brasil e o mundo asiático no atual contexto das relações internacionais e da crise econômica global”; e, às 11h, Haroldo Lima discursa sobre “Matrizes energéticas, Ásia e Brasil e o pré-sal”. No turno da tarde, as explanações com os professores convidados são dedicadas à estruturação de um centro de estudos asiáticos.
De Salvador,
Camila Jasmin