Organizações palestinas têm diálogo 'difícil' no Egito
As organizações de resistência palestinas, em particular Hamas e al-Fatá, retomaram neste domingo (26) na cidade do Cairo, capital do Egito, um diálogo de reconciliação com “mente aberta e positiva”, conscientes de encarar a que consideram “mais difíci
Publicado 27/04/2009 17:18
Representantes do grupo al-Fatá, que é liderado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que controla a Faixa de Gaza, asseguraram abrir as reuniões com intenções reais de coesão.
De acordo com o advogado do Hamas, Mushier al-Massri, os delegados dessa formação vieram a Egito com “novas idéias e várias opções para fazer pleno de êxito o diálogo palestino”, e “esperançados em encontrar uma abordagem similar de parte da al-Fatá”.
No entanto, o próprio porta-voz do grupo de resistência islâmica, Fawzi Barhoum, reconheceu que a quarta rodada iniciada neste domingo pode ser “a mais difícil” de todas, devido ao que descreveu como “inflexibilidade” dos contatos anteriores, que bloquearam um possível entendimento.
Hamas e al-Fatá, junto a uma dezena de organizações palestinas, têm realizado desde o passado 10 de março no Egito discussões para formar um governo de unidade nacional, mas os principais obstáculos constataram-se no plano político.
O movimento islâmico nega-se a reconhecer o estado de Israel e a assumir os acordos assinados com este pela ANP, posturas divergentes que levaram a suspender o diálogo em 2 de abril para realizar consultas com as respectivas direções.
Os mediadores egípcios propuseram adiar a discussão sobre o executivo de unidade e criar um comitê para coordenar as sugestões dos dois rivais, além de outros comitês para os temas pontuais.
A respeito, Al-Massri disse confiar em que al-Fatá “se liberte das ordens sionistas e estadunidenses, e as condições que bloqueiam o caminho para o diálogo”.
O membro do Conselho Revolucionário da Fatá na Cisjordânia Amin Maqboul, por seu lado, recusou estar sob comando americano e israelense, e afirmou que “há claras instruções da alta liderança da al-Fatá para que o diálogo tenha êxito”.
Um entendimento firme ajudará a definir o calendário para as eleições presidenciais e legislativas, em princípio para 2010, reestruturar os órgãos de segurança palestinos e reformar a Organização para a Libertação de Palestina (OLP) na Cisjordânia.
Além disso, a reconciliação facilitaria a reconstrução de Gaza, devastada por 22 dias de inclementes bombardeios israelenses, e abrir um canal de negociação com Israel com vistas à criação de um estado palestino independente e discutir outros assuntos da questão.