Descartado contágio de gripe suína no Ceará

O Ministério da Saúde descartou o único caso em monitoramento da gripe suína (gripe A) no Ceará. Mesmo sem nenhum caso confirmado no Estado, a doença continua preocupando as pessoas. Um seminário na UFC esclareceu dúvidas sobre o assuntov

O único caso no Ceará que estava sendo monitorado por conta da gripe suína, oficialmente denominada pela Organização Mundial de Saúde(OMS) como gripe A, foi descartado. Havia a suspeita de que uma paciente de 24 anos, internada em um hospital particular de Fortaleza na semana passada, poderia ter contraído o vírus em uma viagem que fez aos Estados Unidos, um dos países mais afetados pela doença. Os exames que descartaram o caso foram realizados no laboratório Evandro Chagas, em Belém, no Pará.


 


Mesmo sem casos confirmados ou mesmo suspeitos no Estado até a tarde de ontem, a gripe A continua deixando muita gente preocupada. Ontem, algumas dúvidas sobre o vírus foram esclarecidas durante seminário realizado pelo curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Muita gente fica com medo por causa da gripe espanhola, que virou pandemia e matou mais de 50 milhões de pessoas (no início do século XX)”, lembra o professor do Laboratório de Microbiologia, Everardo Albuquerque, um dos palestrantes do evento.


 


Mas, segundo o especialista, a gripe A não parece ser tão perigosa quanto a espanhola. “É preocupante porque é um vírus novo. Mas não há motivo pra pânico. A quantidade de pessoas afetadas no México e nos Estados Unidos está diminuindo. A expectativa é de que (a doença) seja debelada”, tranquiliza. Ele esclarece que, no Ceará, onde nem há casos suspeitos da doença, não é preciso usar máscaras ou comprar antigripais nas farmácias.


 


“Não é pra tomar remédio por conta própria”, reforça a também professora do curso de Farmácia da UFC, Aparecida Tiemi Nagao. Dos dois medicamentos indicados para a gripe A, apenas um é fabricado no Brasil: o Tamaflu. “A procura foi grande e ele desapareceu das farmácias. É preciso um uso racional do Tamaflu”, diz.


 


A coordenadora de Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados (CVSPAF) da Anvisa no Ceará, Analice Carvalho, também participou do evento. De acordo com ela, as equipes continuam atuando nas portas de entrada do Estado – Aeroporto Internacional Pinto Martins e portos do Pecém e Mucuripe – para tentar impedir a chegada do vírus ao Ceará.


 


Serviço
Onde obter mais informações:


Núcleo de Vigilância Epidemiologia/Centro de Informações Estratégicas de vigilância em Saúde do Ceará (CIEVS/CE). Rua Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema. Fones: 31014860, 31015214 ou 31015215 (plantão). Hospital São José de Doenças Infecciosas. Rua Nestor Barbosa, 315, Parquelândia. Fone: 85 31012320


 


E-MAIS


 


> A paciente que estava sendo monitorada no Ceará já havia recebido alta desde a quarta-feira da semana passada, mas continuava sendo acompanhada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) em sua residência. Ela recebeu alta após desaparecerem os sintomas compatíveis com a doença.


 


> Segundo a professora Aparecida Tiemi Nagao, do curso de Farmácia da UFC, o risco do surto da gripe suína “estava previsto há vários anos”. “Não surgiu de repente”, diz. Ela cita um artigo científico publicado em 2002 que já citava a “evidência de infecção por vírus suíno H1 em fazendeiros e empregados que lidam com os porcos.”


 


> Durante a palestra, o professor lembrou Everardo Albuquerque lembrou que consumir carne de porco não oferece risco de contrair o vírus da gripe A. “Por isso que mudaram o nome de gripe suína para gripe A”, diz.


 


> No Ceará, há dois hospitais considerados de referência para o atendimento de pessoas suspeitas de contaminação da doença: o Hospital São José (HSJ) e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC).


 


Saiba mais


 


> A gripe A (suína) é uma doença respiratória causada pelo vírus A (H1N1). A transmissão é pelo contato próximo entre uma pessoa e outra, especialmente por gotículas de saliva, lançadas no ar pela tosse ou por espirros.


 


> Os sintomas da gripe A parecem com os da gripe comum: febre alta, dor de cabeça, coriza, cansaço, dores musculares e de garganta, tosse e fadiga. Em alguns casos, também foram registrados vômito e diarreia.


 


> Até a tarde de ontem, havia casos confirmados da gripe A em 21 países. No Brasil, há apenas casos suspeitos ou em monitoramento.