Messias Pontes – Será o Lula o responsável pela pandemia?

A maneira como setores da imprensa vêm tratando a chamada gripe suína tem causado mais preocupação que a própria mutação do vírus que a causou. Nos partidos de direita – PSDB, DEMO e PPS – já se preparam teses responsabilizando o governo do presidente Lui

Aliás nesses partidos, inclusive no maior de todos que é a grande mídia conservadora, venal e golpista, a torcida para que a doença chegue logo aqui e faça um grande número de vítimas é grande. As autoridades da área de saúde e dirigentes sindicais e dos Conselhos de Medicina vêm pregando a cautela e prevenção para evitar o pior. A verdadeira informação neste momento é de vital importância. Todos os cuidados devem ser tomados, notadamente com relação à higiene pessoal.



Porém o alarmismo da imprensa demo-tucana que torce para o pior é preocupante, pois pode causar um mal maior. É mais que oportuno lembrar o pânico causado por essa imprensa no final de 2007 e começo de 2008 visando atingir o governo do presidente Lula. A colonista Eliane Catanhêde, da Folha de São Paulo, em outro país teria sido processada e condenada por homicídio. Em artigo do dia nove de janeiro de 2008, disse a jornalista tucana:



“Com sua licença, vou usar este espaço para fazer um apelo para que você que mora no Brasil, não importa onde, vacine-se contra a febre amarela. Não deixe para amanhã, depois, semana que vem. Vacine-se logo!” Ela foi na contramão de tudo o que indicavam os médicos, ou seja, que só devia se vacinar quem fosse viajar ou morasse em regiões indicadas e que não tenham se vacinado nos últimos dez anos.



A imprensa demo-tucana incitou a população a não dar crédito nas autoridades de saúde do governo. Em conseqüência, em cinco estados a cobertura vacinal superou os 100%, indicando que as pessoas se vacinaram mais de uma vez num período inferior a dez anos.



O pânico causado pela irresponsabilidade dessa imprensa levou ao internamento de dezenas de pessoas que se vacinaram quando já estavam imunizadas e à morte de pelo menos cinco delas. Isto só em Brasília. Em muitos estados o estoque de vacina acabou em pouco tempo sem a menor necessidade. Isto é crime previsto na Lei de Contravenções Penais com até seis meses de prisão e multa.



Ao profissional de imprensa – jornalista ou radialista – cabe procurar ouvir quem entende do assunto. Falar de astronomia sem entender do assunto, além de irresponsabilidade, é zombar da inteligência do povo; falar sobre geologia e dar “orientações” sobre como se prevenir de possíveis abalos sísmicos, é causar pânico e até morte, e isto é crime. O mesmo é válido para quem não é médico receitar remédio ou vacinação como fez a colonista Eliane Catanhêde, do jornal que colaborou com a ditadura militar cedendo seus carros para o transporte de democratas para a tortura.



E esse alarmismo não é só aqui no Brasil. Veja-se o que o governo egípcio fez naquele país, ordenando o sacrifício de centenas de milhares de porcos, quando está provado que a transmissão do vírus não se dá pelo consumo de carne suína. Independente de ameaça da doença, toda carne deve passar por uma temperatura superior a 70 graus centígrados.



Ainda não temos nenhum caso da influenza A, a chamada gripe suína no Brasil, mas se algum vier a ser confirmado – e nenhum país está imune – com certeza não faltará colonista para afirmar com todas as letras que o presidente Lula é o responsável tanto aqui como no México e Estados Unidos onde ocorreram os dois primeiros casos.



Se o linfoma da ministra Dilma Rousseff retirado a tempo não é o suficiente para detonar a sua pré-candidatura presidencial, que o presidente Lula seja responsabilizado pela pandemia.



Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE