Seminário aponta desafios para conquista do trabalho decente nas Américas

Os desafios a ser enfrentados pelos governos e a sociedade para a conquista do trabalho decente nas Américas foram destacados por Laís Abramo, diretora do Escritório da OIT no Brasil, no Seminário Internacional sobre Trabalho Decente promovido, em Salvado

Ela disse que os governantes, com o apoio da sociedade civil organizada e dos eventuais parceiros – trabalhadores e empregadores -, terão que levarem conta, por exemplo, o contexto econômico social para a geração de trabalho decente. Outros desafios são: garantir que os princípios e direitos fundamentais no trabalho tenham uma aplicação efetiva; que a democracia e o diálogo social possam gerar maior confiança; que os esquemas de prevenção e de proteção social dos trabalhadores sejam ampliados e fortalecidos; e que a inclusão no mercado de trabalho possa reduzir as desigualdades sociais.


 


Presidido pelo secretário do Trabalho da Bahia e presidente do Fórum Nacional dos Secretários (Fonset), Nilton Vasconcelos, o seminário internacional reuniu os diretores da Organização Internacional doTrabalho (OIT), Laís Abramo (Brasil) e Javier González Olaechea (Argentina); da subsecretária de Coordenação para o Trabalho Decente da Província de Santa Fé, Maria Teresa Safa; do Coordenador de Assuntos Internacionais do Ministério do Trabalho e Emprego, Sérgio Paixão; dos secretários estaduais José Rodrigues (Mato Grosso), Ronald Abrahão Ázaro (Rio de Janeiro), da secretária de Trabalho e Ação Social de Belo Horizonte, Lúcia Marly, dentre outros convidados. 


 


A OIT defende como eixos centrais da Agenda do Trabalho Decente a criação de emprego de qualidade para homens e mulheres, a extensão da proteçãosocial, a promoção e o fortalecimento do diálogo social e o respeito aosprincípios e direitos fundamentais no trabalho. Soma-se a essaspropostas, atenção permanente e transversal à promoção da igualdade degênero e raça/etnia e à juventude.


 


Desafios – O Mato Grosso vivia nos últimos anos um grande desafio com asconseqüências sociais do trabalho escravo, trabalho infantil e osacidentes nos locais de trabalho seguidos de morte. A estratégia dogoverno local para mudar este cenário começou em agosto de 2008 com aposse do Comitê Estadual do Trabalho Decente, composto por 12 secretarias.



''Tão logo o Comitê foi empossado, o grupo começou a preparar a Conferência Estadual e foi o segundo estado brasileiro, depois da Bahia, a realizar este evento. Do encontro com a sociedade nasceu um documentoque está servindo como contribuição para aprimorar uma série de políticase execuções de combate à pobreza, a desigualdade social, a fome e aerradicação dos desafios acima citados'', declara o secretário José Rodrigues Rocha Junior.



A preocupação com os acidentes de trabalho que terminam em mortes também ficou na esfera das preocupações da Superintendência Regional do Trabalhodo Mato Grosso. ''A questão do trabalho escravo nos remonta à escravidão. Mas os acidentes com mortes no trabalho é um desafio a ser vencido pela sociedade. Precisamos fazer com que esta questão cause um mínimo de indignação, pois, nos últimos dez anos, morreram no Brasil 32 mil pais e mães de família vítimas de acidentes de trabalho'', afirmou o auditorfiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso, Fernando Vasconcelos.



Integração – A subsecretária de Coordenação para o Trabalho Decente da Província argentina de Santa Fé, Maria Teresa Safa, também confessou que o governo local assumiu o compromisso com a promoção do Trabalho Decente ''por considerar que é um elemento integrador da busca do bem-estar social para construção de uma sociedade produtiva, desenvolvida e eqüitativa''. Lembra, ainda, que no dia 5 de março de 2008 o Governo da Província de Santa Fé subscreveu um Memorando de Entendimento para elaboração e implantação da Agenda local.



''Diante da crise, entendemos que devemos superar a visão fragmentária que dá maior interesse a aspectos particulares e descuida de elementos que sugerem menor importância, como crer que o foco central é a existência do emprego e que os demais elementos, que implicam no trabalho decente, se conquistam de formas progressivas. A ausência e a precarização de alguns elementos supõem um déficit na qualidade e nas condições de trabalho'', declarou Teresa Safa.



A representante de Belo Horizonte, Lúcia Marly, destacou que a capital de Minas Gerais está implantando a sua Agenda em parceria com a sociedade organizada e que a participação neste seminário, em Salvador, foi de fundamental importância pela troca de experiências. ''Aprendemos mais e ganhamos novos estímulos para tocar em frente nosso projeto. Agora, apartir dos pontos prioritários, a capital mineira se prepara para a implantação gradativa dos conceitos do Trabalho Decente''.



Participaram também do encontro, o coordenador Nacional do Foro Consultivo de Municípios, Estados e Províncias do Mercosul, Alberto Kleiman, e representantes das Prefeituras de Salvador e Lauro de Freitas, Secretaria Estadual do Planejamento, Fundacentro, Bahiagás e outros organismos ligados ao setor.



Fonte: Ascom/Setre