Orquestra Sinfônica de Sergipe abre Turnê Brasil no TTB

A Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE) abriu oficialmente a Turnê Brasil 2009 na noite da última quinta-feira, 7. O concerto especial, realizado no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, repres

A turnê continua nesta segunda-feira, 11, quando a orquestra se apresenta no Teatro Guaíra, em Curitiba. A próxima parada será dia 12, no Rio de Janeiro, na Sala Cecília Meirelles. Na quinta-feira, 14, a Orsse chega a Brasília e toca no Teatro Nacional Cláudio Santoro. Para fechar a temporada, os músicos vão até São Paulo e no domingo, 17, executam o repertório na Sala São Paulo, uma das seis maiores salas de música do mundo.


 


A Sinfônica de Sergipe será a primeira orquestra do Nordeste a fazer uma turnê pelo centro-sul brasileiro. Segundo o regente titular e diretor artístico da Orsse, Guilherme Mannis, as apresentações irão consolidar a posição de destaque da orquestra no cenário regional e farão com que ela alce vôos ainda maiores no futuro.


 


“Nós trabalhamos para que a Orsse melhore sempre para suprir as necessidades da população sergipana. Temos que estar no circuito das grandes orquestras brasileiras e nos afirmar como orgulho para o nosso estado. Vamos representar Sergipe com muito coração e fazer uma turnê belíssima”, disse o maestro.


 



Apoio


 


A Turnê Brasil está sendo patrocinada pelo Banco do Estado de Sergipe (Banese), através do Instituto Banese. Toda a temporada regular de concertos, que segue até dezembro, também receberá apoio financeiro da entidade, assim como a gravação do primeiro CD profissional da orquestra. Além disso, o banco vai trazer a Aracaju para reger a Orsse o pianista, arranjador e compositor Michel Legrand, premiado com três oscar de trilha sonora para cinema. O concerto acontecerá no dia 18 de junho e faz parte da programação em homenagem ao ‘Ano da França no Brasil’.


 


“O Instituto foi criado oficialmente em janeiro deste ano como uma nova alternativa de apoio à cultura do estado e não poderia deixar de patrocinar a Orquestra Sinfônica de Sergipe”, informou o superintendente do Instituto Banese, José Edson Lima. De acordo com o presidente do banco, Saumíneo Nascimento, o apoio à orquestra reforça a imagem do Banese enquanto empresa cidadã. “O patrocínio contribui para que a sociedade reconheça a importância do Banese como agente de fomento do estado e um banco múltiplo, que atende a clientela nas suas demandas e também promove a responsabilidade social sustentável”, avaliou.


 


Para o secretário de Estado da Cultura, Luiz Alberto dos Santos, a Orsse consegue estabelecer um forte laço com o povo sergipano e a Turnê Brasil revela que o grupo atingiu o patamar das grandes orquestras brasileiras. “Uma sociedade que se quer civilizada e briga por qualidade de vida precisa de uma orquestra sinfônica, porque ela fala da alma de seu povo. Com a Orsse, estamos mostrando ao Brasil a grandeza da alma sergipana”, pontuou o professor aposentado de Antropologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
 


 


Apresentação


 


No contexto da música sinfônica, o repertório chama-se ‘programa’ e as músicas executadas são conhecidas por ‘peças’. O eclético programa da Turnê Brasil, segundo definição do próprio maestro Guilherme Mannis, é iniciado com a peça ‘Toronubá’, composta pelo gaúcho Dimitri Cervo. “Trata-se de uma peça rítmica, potente, percussionista, que também traz o piano e tenta levar para a orquestra a questão da modernidade”, explicou o regente titular.


 


Logo após, os músicos executam a ‘Suíte nº 1 para Orquestra de Câmara’, de Heitor Villa-Lobos, prestando uma homenagem ao maior ícone da música erudita brasileira em memória dos 50 anos de falecimento do compositor. Após um breve intervalo, a ORSSE toca o ‘Concerto para piano e orquestra nº 3, op. 30, em ré menor’, de Sergei Rachmaninoff. Nesta última parte do espetáculo, a orquestra conta com a participação do solista convidado, o pianista Álvaro Siviero. “Este ano se comemora os 100 anos da composição desse concerto, que é considerado o mais temido, longo e difícil já escrito para piano”, contou o solista.


 


A Turnê Brasil não será a primeira ocasião em que Siviero toca com a Orsse. Na verdade, ele foi um dos grandes responsáveis por levar a Orquestra Sinfônica de Sergipe para a sua primeira apresentação em São Paulo, em novembro de 2008. “Fui convidado para solar no festival Tchaikovsky com a ORSSE e foi aí que começou a parceria da orquestra com São Paulo. Eu me senti no dever de convidar a ORSSE para se apresentar lá, e assistiram o concerto o governador Marcelo Déda e uma série de autoridades da vida cultural e política de São Paulo e de Sergipe. Devido ao sucesso da apresentação, eu comentei com o governador que a Orsse tem potencial para tocar no Brasil e no mundo, que agora ficou pequeno com a globalização”, narrou o pianista.

 


O premiado músico paulista revelou estar muito feliz em tocar com a Orsse, que, segundo ele, produz um material interessante. “Eu já toquei com várias orquestras, em diversos países e outros continentes, mas a ORSSE me encantou. Não sei explicar bem o porquê, mas me sinto cativado. Aqui dentro dessa orquestra existe muita música, muita garra, muita vontade de fazer um trabalho maravilhoso. E fico entusiasmado de ver que o Governo do Estado de Sergipe enxerga cultura não como despesa, mas como investimento”, destacou Siviero.


 


Ainda segundo o pianista convidado, as apresentações da Orsse são importantes não apenas para Sergipe. “Moro em São Paulo e tenho contato com os colegas profissionais do Rio, e a gente vê que a coisa está muito fechada. Ter uma orquestra fora desse eixo fazendo música com excelência é um recado para o Brasil inteiro de que a boa música pode existir em qualquer lugar do país, desde que haja esforço, competência e desejo”, ressaltou Siviero.


 


Se em meados de 2008 Siviero já tinha avistado a possibilidade de a Orsse atingir outros públicos que não somente o sergipano, agora o pianista enxerga ainda mais longe. “Eu cheguei a Aracaju ontem e ensaiei com eles hoje. Eu consigo sentir que a orquestra tem que dar o terceiro passo, que eu até já sei qual é, mas não vou falar ainda. E no que eu puder ajudar para que isso aconteça, eu o farei”, disse, entre risos.


 



Impressão


 


O público que compareceu à premiê gostou do que viu e ouviu. O programa escolhido e a performance dos músicos no palco do Teatro Tobias Barreto encheram de orgulho os sergipanos. Foi o caso do biólogo Bruno Almeida, de 26 anos. “A qualidade musical dos artistas me surpreendeu. O espetáculo foi bastante interessante, com músicas que nos fazem pensar, concentrar e relaxar para esquecer do estresse cotidiano”, explicou.


 


Para o defensor público Osvaldo Abreu, a Orsse é excelente e não deixa a desejar quando comparada a outras orquestras brasileiras. “Eu assisti a apresentação da orquestra do Mato Grosso [em outubro de 2008] e vejo que a nossa não perde para as outras, não. O concerto está excelente e prova que o Governo do Estado voltou a patrocinar a cultura e está de parabéns por isso”, finalizou.