Messias Pontes – A quem interessa a desmoralização do Congresso?
Ninguém – pessoa ou instituição – é tão bom que não tenha um defeito ou tão ruim que não tenha uma virtude. Mas a grande mídia conservadora, venal e golpista brasileira só enxerga o que lhe convém. A nefasta, odienta e massiva campanha contra o Congresso
Publicado 13/05/2009 09:53 | Editado 04/03/2020 16:35
A generalização é péssima companhia do jornalismo. Aliás, o que vem sendo feito é o antijornalismo, pois colocar todos os 513 deputados federais e 81 senadores no mesmo balaio é o que há de mais cretino. Não é demais lembrar que o Congresso Nacional, como as demais casas legislativas, é o reflexo da sociedade com todos os seus erros e virtudes.
Não se pode negar que uma parte considerável dos congressistas tem dado combustível para alimentar a fogueira. Muitos deles deveriam estar numa prisão de segurança máxima, tal o mal que causam à sociedade e à própria democracia. As negociatas, os cambalachos, as omissões são a regra dessa banda podre do Congresso que deve ser repudiada e combatida sem trégua pelas pessoas de bem.
A hipócrita campanha que os neo-udenistas travam atualmente contra o Congresso precisa com a máxima urgência ser desmascarada. Falar em “farra das passagens” é um exagero de interesses inconfessos. Que há excesso de alguns, não se pode negar. Contudo não é isso que deve estar na ordem do dia, mas sim como cada parlamentar está agindo para colaborar com o desenvolvimento sustentável do País e para o fortalecimento da democracia que leve ao fim das desigualdades sociais e regionais.
Que mal existe no fato de um parlamentar doar uma passagem aérea da sua cota para um sindicalista participar em outro estado de um congresso da sua categoria? Que mal existe no fato de um congressista doar uma passagem para um líder estudantil participar de um congresso da UNE ou da UBES? Historicamente essa prática tem sido exercida, e os verdadeiros democratas não devem se deixar levar pelo falso moralismo dessa mídia sem moral e sem ética.
Os veículos e os jornalistas amestrados que vem demonizando o Congresso Nacional, na sua maioria, são os mesmos que apoiaram incondicionalmente o golpe militar de 1º de abril de 1964; que aplaudiram o Estado terrorista implantado com o famigerado Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968; que apoiaram a eleição de Fernando Collor de Mello e do outro Fernando, o Coisa Ruim que institucionalizou a corrupção e desmontou o Estado brasileiro, causando um prejuízo incalculável.
Se retroagirmos no tempo, os amestrados de hoje são os legítimos herdeiros e representantes dos que recebiam os dólares da Standard Oil para divulgar em seus veículos, à exaustão, o relatório do geólogo norte-americano Mst. Link afirmando que não existia petróleo no Brasil; que encetaram uma mentirosa e criminosa campanha contra Getúlio Vargas que o levou ao suicídio; que apoiaram os reacionários militares que queriam impedir a posse de João Goulart com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961; que ajudaram a preparar a quartelada de 1964 e apoiaram o Estado terrorista até cedendo carros para o transporte de presos políticos para serem torturados nos quartéis do Exército.
Essa mídia que hoje demoniza todo o Congresso Nacional nunca condenou a maioria parlamentar que se vendeu – Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, confessaram ter recebido R$ 200 mil cada – para apoiar a reeleição do Coisa Ruim em 1998; também nunca condenou a entrega do patrimônio nacional pelos neoliberais tucano-pefelistas; demonizou o senador Renan Calheiros por ter uma filha com uma jornalista sustentada por uma em presa, mas omitiu que o Coisa Ruim também teve um filho com uma jornalista que ainda hoje é sustentado pela Rede Globo.
Tudo hipocrisia!
Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE