Chico Lopes lamenta perda de Augusto Pontes, ex-secretário de Cultura do Ceará

Uma perda irreparável para a cultura cearense. Assim o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) lamentou o falecimento de Francisco Augusto Pontes, compositor, publicitário, filósofo, produtor e agitador cultural, ex-secretário de Cultura do Governo do Estado

Segundo familiares, faleceu em decorrência de uma hepatite medicamentosa aguda, que provocou falência múltipla de órgãos. Inúmeras personalidades da música, da literatura, do cinema, do mundo político e da comunidade acadêmica compareceram ao velório, para prestar suas últimas homenagens ao guru de várias gerações de intelectuais cearenses.


 


“Augusto era uma figura conhecida por todos e bastante querida, com uma contribuição realmente muito importante pra cultura no Ceará, não só como secretário de Cultura que foi e como um compositor de músicas importantes da geração do Fagner, do Ednardo, mas também como um reconhecido agitador cultural, uma pessoa que identificava talentos nas outras e estimulava esses artistas”, ressaltou Chico Lopes.


 


“Nos anos 60, enquanto toda essa geração de músicos que se tornariam famosos no Brasil inteiro estava ainda se formando em Fortaleza, Augusto Pontes já exercia uma forte influência sobre eles, tanto cultural quanto política”, acrescenta  Lopes. “Inclusive chegou a ser preso pela ditadura, naqueles anos que foram tão difíceis para a nossa geração, sem liberdade de expressão, muito menos de atuação política”.


 


Espirituoso guru


 


Conhecido na cena de Fortaleza por unir bom-humor, intelectualidade e boemia, Augusto Pontes era famoso por suas tiradas espirituosas, de elementos críticos e irônicos, reunindo ao mesmo tempo ingredientes da alta cultura e do espírito extrovertido do povo cearense.


 


Um desses tantos episódios foi relembrado, durante o velório, pelo cineasta e produtor cultural cearense Francis Vale. “O Augusto comentava que tinha havido uma votação pra decidir o comunista mais feio do Ceará. Dizia: 'Droga! Perdi pro Patinhas por um voto'”, contou Francis, citando o atual presidente do Comitê Estadual do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas.


 


Uma história em várias frentes


 


Como publicitário, Pontes, nascido em 13 de dezembro de 1935,  passou pelas maiores agências do Ceará, contribuindo para o próprio desenvolvimento da atividade no Estado. Foi secretário de Cultura da gestão estadual no governo de Ciro Gomes, no início dos anos 90. Como produtor, promoveu, ao lado de Ednardo, o referencial evento multimídia Massafeira Livre, realizado em Fortaleza, em 1979, dando origem a um disco duplo lançado no ano seguinte, de forma coletiva, registrando nomes de diversas gerações da música cearense.


 


Como compositor, Augusto assina criações em parceria com Ednardo (como a famosa “Carneiro”, que trata da sina cearense de partir para o Sul em busca de uma vida melhor) e Petrúcio Maia (com quem escreveu o bolero “Lupiscínica”, registrado em várias regravações). Um de seus parceiros mais constantes foi Rodger Rogério, com quem compôs músicas como “A Mala”, gravada no LP “Pessoal do Ceará”, de 1973, “Daniela”, “Balão da Baía” e “Solzinho”. Entre outros companheiros de criação figuraram Clésio Ferreira, Stélio Valle e Caio Graco.
 
 
Fonte: Ass. Imprensa – Dep. Fed. Chico Lopes – PCdoB-CE